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Sociedade Ponto Verde apresenta estudo sobre o impacto na sustentabilidade da gestão de resíduos urbanos
Sociedade Ponto Verde apresenta estudo sobre o impacto na sustentabilidade da gestão de resíduos urbanos
2014-05-29
Sociedade Ponto Verde apresenta estudo sobre o impacto na sustentabilidade da gestão de resíduos urbanos

A criação de emprego, o impacto na economia e no ambiente foram os principais indicadores avaliados no estudo apresentado hoje, em Lisboa.


As atividades de gestão de resíduos urbanos tiveram um impacte económico direto de 357 milhões de euros, permitindo também a criação de mais de 15.000 postos de trabalho diretos e indiretos. As conclusões são do estudo “Contributos da Gestão de Resíduos Urbanos para o Desenvolvimento Socioeconómico e Ambiental de Portugal”, da autoria da consultora ambiental 3Drivers e do Instituto Superior Técnico.


De acordo com a análise realizada, a gestão de resíduos urbanos (RU) contribui para a Economia Verde, dado que a melhoria do desempenho ambiental se encontra conjugada com o crescimento da riqueza e do emprego. Os resultados foram hoje apresentados no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, numa cerimónia presidida pelo Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Jorge Moreira da Silva.


O estudo, que avaliou os contributos da gestão de resíduos a nível ambiental, económico e social para o País, destaca que os objetivos projetados para 2020, através do novo Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos (PERSU 2020), contribuirão para uma melhoria significativa nos três pilares da sustentabilidade.

 


Os efeitos na economia


O impacte económico direto (VAB) das atividades de gestão de RU, em 2012, foi de 357 milhões de euros, concentrando-se essencialmente na recolha indiferenciada de RU (55%). O circuito de reciclagem multimaterial, onde se incluem os processos de recolha seletiva e triagem e a atividade da Sociedade Ponto Verde, representa cerca de 77 milhões (22%) dos impactes diretos da gestão de resíduos urbanos.
Os impactes indiretos, que revelam o acréscimo de atividade económica nos setores fornecedores ao setor de gestão de RU, estão estimados em 114 milhões de euros.
Com base na proposta do PERSU 2020 - que aponta para que o setor de gestão de RU evolua no sentido de aumentar as taxas de recolha seletiva e de desviar RU de aterro com recurso a tecnologias de valorização material (nomeadamente a reciclagem multimaterial) - os impactes económicos crescem significativamente. No que diz respeito ao VAB, o impacte económico direto global das atividades de gestão de RU aumentará 26%, para 451 milhões de euros, enquanto o aumento no impacto indireto é estimado em 55%.

 


Os efeitos no ambiente


Da avaliação realizada, constatou-se que em 7 das 11 categorias de impacte ambiental estudadas (acidificação, depleção de ozono troposférico, depleção de recursos hídricos, depleção de recursos minerais, fósseis e renováveis, emissão de partículas, eutrofização - águas doces, uso do solo) o atual sistema de gestão de RU conduz a um balanço ambiental positivo ou neutro. Nestas situações os benefícios devido à recuperação de materiais e energia obtidos pelos processos de valorização dos resíduos com especial enfoque na sua reciclagem (impactes evitados) são superiores, ou pelo menos idênticos, aos impactos negativos gerados pelas diversas atividades de recolha, triagem, transporte, tratamento e valorização de resíduos.


Nas restantes 4 categorias (eutrofização, alterações climáticas, formação fotoquímica de ozono), os benefícios obtidos com a valorização dos RU ainda não permitem colmatar os impactes gerados com a sua gestão, sobretudo devido à existência de uma fração ainda significativa de RU que não é valorizada.


O processo mais penalizador é sobretudo a deposição de RU em aterro, devido à elevada quantidade de resíduos que ainda são enviados diretamente para aterro e que apresentam elevado teor de materiais biodegradáveis.


Ao comparar a gestão de resíduos como um todo com a gestão de resíduos de embalagens verifica-se que o balanço ambiental da gestão das embalagens usadas é bastante mais positivo, sobretudo devido às maiores taxas de reciclagem que se verificam para este fluxo de resíduos e consequentes benefícios ambientais obtidos ao nível do Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagem (SIGRE) e à menor quantidade de resíduos que são encaminhados para eliminação em aterro.


Tendo em conta o cenário que está projetado para o ano 2020 para o novo PERSU, estima-se, por exemplo, que as emissões de GEE se reduzam 47%, o que se traduz na poupança da emissão de 522 mil toneladas de CO2. Este desempenho deve-se não só à redução dos quantitativos enviados para aterro, sobretudo das frações biodegradáveis, mas igualmente do aumento previsto para a reciclagem dos RU.

 


Os efeitos no emprego


O estudo revela ainda que, em 2012, o setor empregava cerca de 11.700 colaboradores. A grande parte destes empregos (84%) está relacionada com a recolha indiferenciada de RU. A recolha seletiva emprega cerca de 1.400 trabalhadores.


Relativamente ao tratamento, a triagem é o processo mais intensivo em mão-de-obra, empregando cerca de 1.050 trabalhadores para gerir cerca de 400 mil toneladas de resíduos de recolha seletiva.


Por sua vez, a criação indireta de empregos é estimada em aproximadamente 3.400 postos de trabalho.


A evolução projetada para o ano de 2020 terá igualmente benefícios ao nível do emprego. Estima-se um aumento de 22% de empregos no cenário do PERSU 2020 comparativamente com 2012, com o emprego direto a subir para os 13.000 postos de trabalho e o emprego indireto a atingir 5.500 empregos.

 


Sobre o estudo


A Sociedade Ponto Verde lançou, em 2012, um projeto de investigação com o objetivo principal de avaliar os contributos diretos e indiretos da gestão de resíduos de embalagens efetuada no âmbito do SIGRE aos níveis ambiental, económico e social no nosso país e, deste modo, quantificar o contributo da gestão de resíduos de embalagens para uma Economia Verde.


Tendo em conta os resultados obtidos, a experiência acumulada nesse trabalho e o facto dos resíduos de embalagens se constituírem como uma componente importante dos resíduos urbanos (RU) a SPV promoveu um novo projeto, que agora se dá a conhecer, direcionado para a avaliação global da gestão de RU em Portugal.

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