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DAR VOZ AOS CONSUMIDORES
Dar voz aos consumidores
2012-04-01
Dar voz aos consumidores

Queria ser arquitecto, mas nos conturbados anos pós-25 de Abril optou por Engenharia vertente Urbanismo, no Instituto Superior Técnico, em Lisboa. Hoje, aos 53 anos, Vasco Colaço é mais conhecido dos portugueses por ser presidente da Deco – associação portuguesa para a defesa dos consumidores. “O que me interessa neste tipo de associação é criar instrumentos que protejam quem está muito vulnerável. A relação comercial entre um cidadão e uma empresa é tão desigual que, se não houver capacidade de empowerment dos consumidores, eles não poderão lutar pelos seus interesses”, afirma.

 

Divide os dias entre a associação e as funções de administrador executivo da TIS, Consultoria em Transportes, Inovação e Sistemas, SA. “O meu envolvimento na Deco é voluntário, é a minha intervenção cívica. Faço questão que continue assim, pois só dessa maneira existe uma participação desinteressada”, justifica.

 

A actual crise reflectiu-se na Deco: “aumentou muito os casos que recebemos de sobreendividamento e reduziu-nos o número de sócios”. A associação gasta 250 mil euros no apoio a casos de sobreendividamento. “Claro que não damos dinheiro, mas mobilizamos recursos para informar, apoiar e renegociar contratos com os bancos. Estamos a remodelar procedimentos para que possamos atender mais famílias”.

 

Uma das muitas acções da Deco é a campanha “Gerir € Poupar”, que fomenta a literacia financeira. “São cerca de 600 acções de formação local, onde ensinamos as regras para gerir o orçamento familiar”, diz. Mesmo em tempos de crise, há quem não tenha noção do que é essencial: “Há consumidores que, por exemplo, pedem crédito para comprar um cão”. As famílias apoiadas pela Deco tiveram quebras de rendimento, na maior parte dos casos, “devido a um dos três D: desemprego, divórcio ou doença”, explica Vasco Colaço. “O problema é acharem que essa quebra é temporária e não reformularem hábitos de consumo. Pensam que dentro de três meses encontrarão emprego e, entretanto, pedem um empréstimo em empresas de crédito fácil, onde o juro é mais alto. O nosso estilo de vida de há cinco anos não vai voltar”.

 

Fotos: Luís Paixão/AFFP

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