Frescos e de qualidade: assim devem ser os legumes para uma refeição e também para tocar música. É no mercado Naschmarkt, em Viena, cidade onde vivem, que os 13 elementos do grupo The Vegetable Orchestra compram tomates e cenouras, beringelas, pepinos ou pimentos, entre outros legumes.

Quando actuam noutros países procuram fazê-lo no comércio tradicional. “Os vegetais pré-embalados dos supermercados não são bons instrumentos”, afiançam em www.vegetableorchestra.org.

Desde Fevereiro de 1998 que The Vegetable Orchestra toca com legumes, som que descrevem como “estilo vegetal, influenciado por contemporâneo experimental, música electrónica, música concreta, noise, música improvisada e pop”. Criaram o primeiro instrumento a partir de um tomate e nunca mais pararam: “Desenvolvemos novos instrumentos constantemente. Cada vez que actuamos redefinimos os nossos instrumentos ou experimentamos novas variantes”. Os legumes emitem sons diferentes e é preciso encontrar o vegetal mais adequado para cada função.

Fazer música a partir de alimentos suscita uma questão: será ético? “Se está verdadeiramente preocupado com a distribuição de riqueza, então faça alguma coisa por isso! Não são as pessoas que usam vegetais de maneira diferente da habitual que fazem do mundo um lugar mau. O problema é todos querermos demasiado: o nosso carro, um telemóvel novo, uma casa maior com ar condicionado, mais dinheiro…”, dizem os elementos do grupo.

Além disso, “os nossos instrumentos causam menos problemas do que os tradicionais, os portáteis, etc.. A sua produção exige muito menos energia e recursos e são biodegradáveis”, acrescentam. E atentam no combate ao desperdício: as sobras dos “legumes instrumentos” são usados numa sopa, servida à plateia no final dos concertos; alguns dos instrumentos são oferecidos aos espectadores; e o restante é lixo orgânico. Por ano, The Vegetable Orchestra realiza entre 20 e 30 concertos e está prevista, para breve, uma actuação em Portugal.

Fotos: cedidas