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2011-12-01

Aos 16 anos Salvador Mendes de Almeida praticava vários desportos, namorava e saía à noite. Foi no final de um dia de Verão que adormeceu ao volante da sua mota, quando seguia a 40 km/h. Ficou tetraplégico, mas não imóvel: encontrou força para seguir em frente, licenciou-se em Marketing e Publicidade, fundou uma associação com o seu nome para promover a integração das pessoas com deficiência motora na sociedade e melhorar a sua qualidade de vida. Em 2007 publicou Salvador – Ser feliz assim e foi o rosto de um programa na RTP que concretizava os sonhos de pessoas com deficiência motora.

 

Salvador luta por um país mais igualitário, desde logo no mercado de trabalho. “O grupo de pessoas com deficiência é heterogéneo. Costumo dizer que cada caso é um caso. É preciso ser criativo e sair “fora da caixa” para encontrar soluções”, defende. E aponta as barreiras sociais e as barreiras arquitectónicas como principais entraves à empregabilidade. “No primeiro caso refiro-me a comportamentos e atitudes estereotipados, que passam por considerar que as pessoas com deficiência não são capazes de trabalhar. No segundo caso, por exemplo, se uma empresa não tem rampas de acesso ou elevadores que permitam a entrada de pessoas que se deslocam em cadeira de rodas, como é que elas podem trabalhar?”.

 

A Associação Salvador apresenta-se como agente facilitador entre candidatos e empresas. “Este ano mediámos o processo de integração profissional de pelo menos seis pessoas com deficiência motora, mas não temos um número definitivo, porque não acompanhamos o processo depois de estar na mão dos nossos parceiros”.

 

A associação criou a plataforma online Portugal Acessível, que reúne informação sobre a acessibilidade em diferentes espaços. Em 2011 teve mais de 7.200 visitas por mês e contém informação sobre mais de 3.500 locais em Portugal, divididos pelas categorias alojamento, cultura e lazer, restaurantes, saúde, transportes e utilidades. E promove nas escolas o respeito pela diferença e a igualdade, desafiando os alunos a apresentar propostas.

 

Em 2010 o projecto vencedor “É uma cadeira que faz a diferença?” deu origem a um anúncio para a imprensa, e um spot para rádio. Como não podia deixar de ser, centra-se ainda na sensibilização rodoviária: “Um acidente pode mudar a vida a uma pessoa, tanto a quem o causa como, mais grave, a terceiros. Como é que se vive com o peso na consciência de matar ou incapacitar alguém?”.

 

Fotos: AFFP

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