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E O PARAÍSO AQUI TÃO PERTO...
E o Paraíso aqui tão perto...
2014-03-05
E o Paraíso aqui tão perto...

Não foi à toa que o escritor Vergílio Ferreira se referiu a Sintra como “o mais belo adeus da Europa quando enfim encontra o mar”. A paisagem cultural de Sintra foi classificada pela UNESCO, em 1995, como Património Mundial.

Integrada no Parque Natural de Sintra-Cascais e na Rede Natura 2000, é um ecossistema privilegiado e único, que inclui valores naturais e culturais prioritários para conservação. “É ainda mais impressionante se pensarmos que há 150 anos atrás não restavam muitas árvores na serra de Sintra! Em gravuras antigas, podemos ver como havia só penedos e solos estéreis sem vegetação!”, lembra Nuno Oliveira, director técnico para o Património Natural dos Parques de Sintra, entidade gestora de cerca de 45% da área considerada Património Mundial. E recorda: “Foi pela mão do rei D. Fernando II que houve um intenso processo de reflorestação, que conjuga o exótico com o autóctone. Não haverá muitas zonas no mundo onde essa convivência seja tão evidente”.

A invulgar vegetação luxuriante deve-se ao clima distinto da sua envolvente: “É um regime de água, luz e temperatura que faz com que tudo se dê bem aqui!”. Na serra encontram-se espécies de todos os cantos do mundo, o que lhe confere um valor incalculável. Em termos de fauna, é também privilegiada. “Temos um casal de águias-de-bonelli [espécie em perigo à escala nacional, da qual existe apenas este casal em Sintra], o lucanus cervus, que é o maior escaravelho da Europa, espécies mais comuns mas que aqui são muito abundantes como salamandras, tritões e anfíbios, morcegos e, só em Monserrate, foram identificadas mais de 20 espécies de libélulas”, destaca Nuno Oliveira.

 

Prémios e desafios

A Parques de Sintra gere uma área de 550 hectares. Inclui locais tão emblemáticos como os Parques e Palácios da Pena e de Monserrate, Castelo dos Mouros, Convento dos Capuchos ou Palácio Nacional de Sintra.

O ano de 2013 “será difícil de igualar” em termos de reconhecimento das suas práticas de gestão: ganharam o prémio World Travel Award para Melhor Empresa do Mundo em Conservação; o Prémio União Europeia para o Património Cultural/Europa Nostra na categoria de Conservação – Projecto de recuperação dos Jardins e Chalet da Condessa d’Edla; o Prémio European Garden Award na categoria de Melhor Desenvolvimento de um Parque ou Jardim Histórico – Parque de Monserrate.

O maior desafio centrou-se no controle das espécies invasoras, sobretudo acácias. “É um trabalho que não tem fim!”, conta Nuno Oliveira. E alerta: “É uma grande ameaça à biodiversidade e aos valores naturais da serra”. Em 2013, concluíram cerca de 120 hectares de reflorestação com espécies autóctones, como medronheiro, sobreiro e carvalho português. O temporal de 19 de Janeiro (de 2013) foi também um revés: “Temos equipas há mais de um ano a trabalhar na reposição do cenário antes tempestade!” Com um milhão e 700 mil visitantes por ano, os Parques de Sintra têm razões para se congratular com o trabalho de conservação e dinamização que têm efectuado. Nuno Oliveira conclui: “Queremos desmistificar a ideia de natureza intocável. Queremos ter cada vez mais pessoas a visitar os nossos parques, mas de uma forma sustentável”.

 

Caixa

Visitas sustentáveis

Inês Moreira, coordenadora do Projeto Bio+Sintra, destaca oito sugestões para uma visita sustentável:

1. Usar a calculadora de viagem disponível no site da Parques de Sintra, que faz uma estimativa da pegada de carbono da sua visita;

2. Experimentar os percursos pedestres, usando a aplicação para smartphones Talking Nature (informações multimédia sobre os habitats e espécies em destaque);

3. Alugar uma bicicleta eléctrica na vila a que pode juntar um bilhete combinado para entrada nos Parques;

4. Participar num workshop ecológico, sobre temas como: “Construção de caixas de abrigo para anfíbios”; “Estudo do ecossistema água”; “Elaboração e colocação de comedouros para aves”; “Anilhagem de aves”;

5. Visitar a Quintinha Fora da Rede, onde está instalado um conjunto de energias renováveis (solar, eólica e hidráulica) que a abastecem e a tornam auto-suficiente;

6. Trocar o carro por um passeio a cavalo pelos circuitos próprios na serra;

7. Conhecer o totem da Quintinha de Monserrate, uma escultura feita a partir do tronco de um velho eucalipto, que representa os valores naturais da serra;

8. Participar em acções de voluntariado de preservação do património, como limpeza de infestantes e plantação de árvores.

Mais informações sobre estas e outras actividades em www.parquesdesintra.pt e http://biomaissintra.parquesdesintra.pt

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