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PARAÍSOS PERDIDOS
Paraísos Perdidos
2010-11-01
Paraísos Perdidos

O impacto da acção humana sobre o ambiente tem contribuído para o desaparecimento de inúmeros ecossistemas e espécies de flora e fauna. 
Ainda temos tempo para inverter este cenário?

 

Já imaginou o Índico sem as ilhas Maldivas, um safari em África sem elefantes, chitas e rinocerontes ou um mergulho na costa australiana sem a possibilidade de conhecer a Grande Barreira de Coral? Não esboce um sorriso incrédulo, pois estas entre outras situações improváveis estão, segundo os especialistas, prestes a ocorrer – afinal, o mundo é um organismo vivo em constante mutação e a humanidade tem contribuído activamente para acelerar esse processo. Só que mudanças demasiado bruscas devido à poluição, aquecimento global e pressão populacional têm gerado desequilíbrios dramáticos, como por exemplo o degelo dos Pólos, que, entre outras consequências, levará à imersão de ilhas, muitas delas habitadas. Centenas de espécies animais com que partilhamos o planeta há milhões de anos, entre elas o Golfinho do Rio Chinês, o Tigre da Tasmânia ou o Leão do Cabo já estão extintos. E a lista das actuais espécies em perigo, elaborada anualmente pela International Union for Conservation of Nature (www.redlist.org), continua a engrossar. A flora também não está a salvo. Quase 90 espécies desapareceram nas últimas décadas, e plantas medicinais como a magnólia, utilizada na China para combater o cancro, ou o cacto Hoodia, para suprimir o apetite, correm perigo, segundo a Botanic Gardens Conservation International (www.bgci.org).

 

Maravilhas em extinção

São paisagens que julgávamos eternas de tão majestosas, “países paraíso” ou simplesmente maravilhas com que a natureza nos brindou. São, também, tesouros a um passo de existirem apenas na memória de quem os visitou.

 

Maldivas

O arquipélago das Maldivas, com os seus recifes de coral, lagunas de águas cristalinas e praias a perder de vista é a imagem por excelência de um paraíso tropical. Pena que esteja prestes a submergir. Um muro de três metros já foi levantado para proteger a capital, Malé, e outra ilha, já submersa, foi recuperada por meio de um sistema mecânico de reposição de areias.

 

Kiribati

País da Micronésia formado por 33 atóis de coral, localizado no centro do Oceano Pacífico, e habitado por cerca de 100.000 pessoas, encontra-se em estado de alerta. Prevê-se que dentro de 50 anos estas ilhas de sonho sejam engolidas pelo mar. As autoridades desenvolvem actualmente esforços para encontrar países dispostos a acolher os futuros desalojados que, em princípio, serão recebidos pela Indonésia.

 

Tuvalu

Uma das mais pequenas nações do mundo, composta por nove atóis no Pacífico Central, logo abaixo da linha do Equador, entre Kiribati e as Ilhas Fiji, Tuvalu tem os dias contados, porque grande parte do território não se encontra a mais de 2 metros acima do nível do mar. Basta uma vaga de 3 metros para inundar o aeroporto e prejudicar as plantações locais. Parte da população já começou a emigrar.

 

Grande Barreira de Coral

Prevê-se que uma das mais belas paisagens que a humanidade alguma vez pôde contemplar, a Grande Barreira de Coral da Austrália estará praticamente destruída, em 2050. É que os corais – os mais importantes organismos do ecossistema marinho, devido à quantidade de seres vivos que alberga – são extraordinariamente sensíveis. Por vezes, basta o aumento de um grau Celsius para a sua morte. E, admite-se que nos próximos anos as temperaturas do mar possam subir cerca de 6ºC.

 

Amazónia

A floresta amazónica constitui um dos maiores paraísos naturais da Terra, que “ajuda” a respirar. É habitat de espécies excepcionais de fauna e flora, e comporta 15% de toda a água doce da Terra.

Apesar da sua extrema importância para o equilíbrio do planeta, enfrenta graves ameaças. A exploração desordenada do subsolo, a degradação, o desbravamento das matas por parte da indústria madeireira, as queimadas, a caça e a venda ilegal de animais engrossam, anualmente, a lista de espécies animais em perigo de extinção.

O World Wild Fund estima que a desflorestação, a continuar neste ritmo, poderá libertar entre 55,5 a 96,9 bilhões de toneladas de CO2 nas próximas décadas. Por outro lado, devido à redução das suas dimensões esta imensa floresta deixará de “arrefecer” o planeta, como tem feito até agora, e as chuvas diminuirão 10%.

 

Árctico

O Árctico poderá estar totalmente transformado em água entre 2060 e 2100, devido aos raios ultravioleta que perfuram a atmosfera. O estudo foi realizado pelo World Wildlife Fund e contou com a participação de cerca de 250 cientistas. Também o Climate Impact Assessment concluiu que o aquecimento que afecta o Árctico é duas vezes superior ao do resto do planeta. As regiões mais a norte do Canadá e da Rússia já vivem com temperaturas 4ºC acima dos registados há 50 anos, e dentro de 100 anos quase não haverá gelo naquela região durante o Verão. Resultado: as espécies base da alimentação tradicional naquelas regiões perderão o seu habitat, e as fundações das habitações em zonas indígenas, no Canadá e Rússia, começam a estar ameaçadas. Prevê-se que o urso polar possa desaparecer nos próximos 100 anos, assim como as renas, os lobos e milhares de aves migratórias.

A construção de estradas e portos e a exploração de minas e jazidas de petróleo ameaçam o equilíbrio ecológico desta região. O actual ritmo de desenvolvimento culminará num processo de industrialização de 80% da região até 2050, contra os 15% actuais.

 

Vida animal mais pobre

Poluição, introdução de espécies exóticas, alterações climatéricas ou catástrofes naturais mudam habitats e destroem ecossistemas. O resultado é o risco de extinção de várias espécies vegetais e animais. Será que os nossos netos imaginarão os elefantes como nós os mamutes? A IUCN (World Conservation Union), em conjunto com outras entidades ambientais, elaborou uma lista com as espécies animais mais ameaçadas no planeta.

 

Baleia-Azul

É o maior animal existente no planeta, mas a matança de que foi alvo no início do século passado colocou a espécie em perigo. A actual população mundial de baleias-azuis é estimada entre três a quatro mil, duas mil concentradas na costa californiana.

 

Orangotango

A ocupação humana das florestas de Sumatra e Bornéu colocou os orangotangos na lista de animais ameaçados de extinção. Segundo os cientistas, restam pouco mais de 100.000 no mundo. Tendo em conta o rápido ritmo de devastação do seu habitat, os especialistas prevêem que a extinção da espécie ocorrerá em poucas décadas.

 

Panda-gigante

É um dos mais queridos animais do mundo, mas estima-se que existam apenas cerca de 1.600, na China. O número decrescente de exemplares deve-se à caça ilegal e à fragmentação do seu habitat.

 

Lobo-ibérico

Outrora bastante comum, esta sub-espécie do lobo apenas existe em Portugal e Espanha. Embora os números não sejam consensuais, julga-se que não existam mais de 450 exemplares no nosso país – quase todos acima do Douro – devido à invasão do seu habitat, caça e escassez de alimento.

 

Águia-imperial-ibérica

Esta espécie nidifica apenas na Península Ibérica e norte de Marrocos. Os habitats principais da águia-imperial-ibérica são os montados de azinho e sobro, áreas de pasto ou cereal e zonas de mato. A diminuição da sua presa principal, o coelho, e a fragmentação do seu habitat preferencial são os factores de risco.

 

Como ajudar a preservação de plantas e animais?

 

- Visite apenas parques e reservas naturais que respeitem os animais.

 

- Obedeça aos códigos da vida selvagem: nunca recolha flores, ovos de pássaros ou qualquer tipo de arbusto; não leve consigo os seus animais de estimação; coloque o lixo nos recipientes próprios ou, melhor ainda, leve-o para casa. Nas regiões costeiras evite recolher qualquer tipo de concha ou coral.

 

- Quando viajar opte, sempre que possível, por transportes menos poluentes, como o comboio, ou partilhe o automóvel com amigos.

 

- Se se deslocar ao estrangeiro não transporte consigo espécies vegetais, pois poderão provocar alterações nos ecossistemas do país de destino, nem compre animais exóticos. A maioria é retirada do seu habitat natural ilegalmente e não resiste à mudança.

 

- Nunca alimente os animais residentes em parques naturais ou reservas.

 

- Quando planear uma viagem opte por unidades hoteleiras e agências que evidenciem preocupações ecológicas, tais como utilização de energia solar, reutilização de águas residuais para a rega de relvados e jardins, e reciclagem de papel, plásticos, vidros e pilhas.

 

Para saber mais: www.redlist.org, www.iucn.org, e www.ifaw.org,

www.endangeredspecie.com

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