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2011-09-01

Sim, é possível proteger o ambiente enquanto descontrai num hotel ou assiste ao concerto da sua banda favorita. Como? 
Através da 100R, certificação da Sociedade Ponto Verde que garante a separação e reciclagem dos resíduos de embalagens. 

 

Quando o festival Rock in Rio chegou a Lisboa, em 2008, trouxe não só os ritmos mais badalados do momento, como marcou a estreia da certificação 100R, da Sociedade Ponto Verde (SPV). Desde então o número de eventos e espaços que receberam este selo não pára de aumentar. “Só este ano, e para citar alguns exemplos, a certificação foi atribuída ao Festival Marés Vivas e às festas do Made.Out Green Enegery. Mas eventos como Rock in Rio, Optimus Alive, Sudoeste, e alguns hotéis da cadeia Tivoli já foram certificados”, recorda o director-geral da SPV, Luís Veiga Martins. Graças a esta ferramenta, e através das suas 30 certificações, mais de 500 toneladas de embalagens de plástico, papel e vidro foram encaminhadas para reciclagem.

Mas o que é o 100R? Trata-se de um sistema de certificação de eventos e espaços (de áreas comerciais a escritórios), que assegura a correcta separação dos resíduos de embalagens e posterior envio para reciclagem. As entidades que se candidatam a este selo assumem o compromisso de criar e implementar estruturas e medidas que favoreçam a separação dos resíduos. A SPV, enquanto entidade gestora da triagem dos resíduos de embalagens em Portugal, trabalha de perto com os candidatos, orientando, se necessário, a execução do compromisso. Ao verificar a existência das estruturas necessárias, certifica o evento ou o espaço com o selo 100R, garantia de que a separação será consequente. 100R – “Reciclagem 100% Garantida” pode ser válido por um ano, renovável por igual período caso as condições se mantenham, ou por dias, consoante a duração de um evento, por exemplo.

“O objectivo é criar condições para que a reciclagem seja efectivamente levada a cabo por todos os produtores de resíduos e consumidores, tentando reciclar 100% dos resíduos gerados”, explica Luís Veiga Martins. Além de contribuir para o aumento da valorização de desperdícios de embalagens e cumprimento das metas comunitárias definidas para Portugal quanto aos materiais enviados para reciclagem, este instrumento reforça a “credibilidade das organizações que a ele se associarem”, sublinha o director-geral da SPV. 

 

Cadeia pioneira

 

Tivoli Hotels & Resorts é a primeira cadeia a obter a certificação 100R. Tivoli Lisboa, Tivoli Marina Vilamoura, Tivoli Lagos e Tivoli Carvoeiro são, até agora, os hotéis certificados. “O objectivo é que todas as nossas unidades hoteleiras obtenham a certificação 100R e estamos a caminhar nesse sentido, com acções de diagnóstico nas várias unidades, bem como projectos de formação e sensibilização dos colaboradores para a separação e tratamentos dos resíduos”, afirma à RECICLA a directora da qualidade da Tivoli Hotels & Resorts, Adriana Jacinto.

A aposta nesta certificação deveu-se, sobretudo, a “influências internacionais” e “à vontade de sermos pioneiros”, reconhece a responsável. “Como grande parte dos nossos hóspedes são provenientes de países europeus, onde as práticas relativas à reciclagem estão já fortemente implementadas, a certificação 100R é mais um factor de diferenciação do Tivoli Hotels & Resorts”, acrescenta. A medida não tem passado despercebida a quem fica alojado naquelas quatro unidades e a adesão é significativa. “Esses resultados vêem-se, por exemplo, através da melhoria na quantidade e qualidade da separação dos materiais por parte dos clientes, nos quartos, o que mostra que temos sido bem-sucedidos não só na componente operacional, mas também na vertente informativa do projecto”, explica a directora de qualidade.

A colocação de mini-ecopontos nos quartos e a existência de contentores de grandes dimensões para o armazenamento de maiores quantidades de resíduos gerados, por exemplo, em congressos e conferências, foram algumas das medidas tomadas. “A partir da orientação da SPV foi mais fácil elaborar um plano de acções concretas e mensuráveis, o que nos permitiu, por um lado, melhorar particularmente a separação de resíduos e, por outro, optimizar a nossa comunicação, de forma a influenciar os nossos stakeholders”, reconhece Adriana Jacinto.

De momento mais três unidades estão em processo de certificação: Tivoli Victoria, Victoria Residences e Tivoli Jardim. Entretanto, as unidades certificadas enfrentam novos desafios, uma vez que o 100R não termina na obtenção do selo verde. “Existe todo um trabalho posterior de diminuição progressiva dos resíduos indiferenciados que depende de acções adicionais e específicas”, afirma Adriana Jacinto. Ao final de um ano o Tivoli Lisboa deverá reduzir a quantidade de detritos indiferenciados em 15% e as unidades do Algarve em apenas 3%, uma vez que nestas já têm pouca expressão. “Desejamos chegar à percentagem quase nula de resíduos não reciclados”, afirma a directora de qualidade. “Para isso foi-nos bastante útil a identificação dos tipos de resíduos que ainda não separávamos, como é o caso de alguns tipos de copos de iogurte”, acrescenta. Quando a separação de materiais estiver bem interiorizada, “a melhoria dos processos de recolha passa pela aquisição de novos equipamentos”, defende.

 

Festivais recicladores

 

Nem só de boa música vivem os festivais de Verão, encontros onde diversão rima cada vez mais com comportamentos ecológicos. Pelo segundo ano consecutivo a Heineken organizou as festas Made.Out Green Energy, que nesta edição, além de Alcobaça, estenderam-se às cidades de Lisboa e Portimão. Comprometida com o ambiente, a organização não só apostou em noites animadas por artistas como Modjo, Funkyou2 e Gramaphonedzie, como encontrou formas de minimizar e compensar o impacto destes encontros no planeta. Estabeleceu uma parceria com a Carbono Zero, que avaliou os níveis de CO2 emitidos nas festas, mitigando-os através de projectos florestais em Portugal e no Brasil. O selo da SPV foi outra estratégia seguida, uma vez que a separação dos resíduos “era desde o início uma preocupação da organização, independentemente da Heineken Made.Out Green Energy ter a temática da ecologia ou não”, diz Paulo Gaspar, CEO Made.Better, empresa que produziu o projecto Made.Out. “Acreditamos que a protecção do ambiente e o combate ao desperdício devem ser preocupações de todos”, sublinha. 

Este Verão também os festivais Marés Vivas, em Vila Nova de Gaia, e o dos Oceanos, em Lisboa, foram recicladores, com garantia da separação e reciclagem dos resíduos de embalagens. Ambos contaram ainda com a SPV como parceira de animação dos recintos, através de uma slotmachine adaptada e da iniciativa “O teu Ponto Verde dá com o meu?”, que em troca de copos ou garrafas para reciclar oferecia um lenço. O participante devia encontrar no recinto o dono de um lenço que desse com o seu para assim receberem prémios. Porque a separação dos resíduos não começa só em casa. E pode decorrer mesmo nos momentos de “dolce fare niente”.

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