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O BEM QUE A NATUREZA FAZ
O bem que a Natureza faz
2014-09-18
O bem que a Natureza faz

Inaugurado em 2009, perto de Miranda do Corvo, o Parque Biológico da Serra da Lousã é mais do que um mero projecto ecológico: é um espaço no qual pessoas com deficiências mentais ou físicas e desempregados de longa duração encontram a possibilidade de trabalhar em equipa. A ideia surgiu a partir de uma parceria entre a Fundação ADFP (Assistência, Desenvolvimento e Formação Profissional) e o Município de Miranda do Corvo e resultou numa espécie de aldeia auto-sustentável que é um caso de sucesso. A prová-lo, várias distinções, entre elas o I Prémio Damião de Góis, atribuído pela Embaixada da Holanda e pelo Instituto Português de Corporate Governance como forma de distinguir o empreendedorismo.


A descoberta deste lugar único inicia-se com uma volta pelo labirinto de árvores de fruto, único do género em todo o mundo, composto por ameixoeiras, pereiras, macieiras e oliveiras, entre tantas outras, que nos mostram a riqueza da nossa flora. Do outro lado da ponte, lobos, linces, gamos e veados, só para citar alguns exemplos, encontram neste local as condições perfeitas para se reproduzirem. O segredo?
O facto de este ser um projecto em que se tenta interferir o menos possível com a Natureza. Não admira, por isso, que as acessibilidades se mostrem, também elas, o mais próximo possível do original, nalguns pontos desafiando as “capacidades caminheiras” dos visitantes. O descanso é feito a observar os ursos, que ainda parecem maiores de tão perto que estão, as agitadas lontras, as familiares cabras e os simpáticos burros, passando por diversos tipos de aves, quase todas resgatadas em más condições e aqui com direito a mais alguns anos de vida.
Mas o ponto de partida para este projecto foi encontrar uma forma de dar ocupação às pessoas com deficiência mental, e, sabendo da importância que os animais podem ter nestes casos, tornou-se quase incontornável avançar para a criação de um centro hípico adaptado, com hipoterapia. Ao lado, na quinta pedagógica e nos estábulos, estes pacientes mostram os progressos que têm feito e um total à vontade junto dos animais que ajudam a tratar junto ao picadeiro. Bem pertinho existe uma espécie de museu vivo de artes e ofícios tradicionais. Entre o vime, a olaria, a cestaria, a tapeçaria e o vidro, sem esquecer o sapateiro, dezenas de pessoas mostram que neste local, onde a comunhão entre homem e Natureza é perfeita, ter uma deficiência não é impeditivo de fazer o que se gosta. E o que acontece invariavelmente, mais do que diagnosticar deficiências talentos, que também ajudam nas vindimas. E, contam-nos, por estas bandas as vindimas, feitas de forma tradicional e abertas a visitantes, são uma verdadeira festa! Festa, mas do palato, é o que o espera no restaurante Museu da Chanfana, também ele parte deste projecto, onde nem falta um vinho de nome a condizer: Terra Solidária. O título perfeito para uma história que, longe de terminada, nos mostra o bem que podemos fazer à Natureza e o bem que a Natureza nos faz.

UM PARQUE DE NOVIDADES

Um fumeiro, uma queijaria e um Museu Observatório da Serra da Lousã enriquecerão o projecto Projecto em permanente melhoria e crescimento, o Parque Biológico ganhará em breve um fumeiro e uma queijaria regional, na lógica de integração de pessoas portadoras de deficiência e
doença mental. Em fase de construção está o Museu Observatório da Serra da Lousã, com um centro interpretativo pluridisciplinar, com biologia, geologia, antropologia, história e astronomia. Abrirá
ao público ainda este ano, tal como o Hotel do Parque, de quatro estrelas, com 40 quartos. Para 2015 fica o início das visitas ao reptilário.

PARQUE BIOLÓGICO DA LOUSÃ
Aberto todos os dias, incluindo fins-de-semana e feriados, o Parque Biológico da Serra da Lousã já
recebeu mais de 100 mil visitantes. Neste espaço rural de 12 hectares, dos quais oito de área florestal,
pessoas com deficiências mentais ou físicas e desempregados de longa duração encontram a possibilidade de trabalhar em equipa. Ajudando a tratar da fauna e da flora ou trabalhando nas oficinas de artesanato (barro, cestaria, vime, vidro de fusão, sapateiro e tecelagem), mostram uma enorme capacidade para superar as dificuldades.

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