Sustentabilidade

Em contagem decrescente para uma das épocas mais festivas do ano, a Recicla propõe que em 2015 o Natal seja menos sinónimo de consumo desenfreado e aumento da produção de resíduos e mais amigo do ambiente. Saiba como pode contribuir para um Natal mais ecológico.

Com o ano quase a chegar ao fim, a maioria dos portugueses começa já a planear a noite da Consoada e o dia de Natal. A lista de afazeres é grande e vai desde as decorações em casa, com o pinheiro a assumir o papel central, passando também pela compra de presentes e ainda pela preparação das refeições para toda a família, reunida à volta da mesa para celebrar uma das festas mais importantes do calendário.

E se o Natal é sobretudo sinónimo de festa, nas últimas décadas tornou-se também sinónimo de um aumento exponencial do consumo, sobretudo durante o mês de dezembro e por consequência direta também de um aumento da produção de lixo e de resíduos (papel de embrulho, caixas de brinquedos, pilhas, embalagens alimentares vazias, entre muitos outros), que muitas vezes acabam por não ser devidamente separados nem depositados nos respetivos ecopontos.

Para contornar esta situação, a proposta da Recicla para este ano é que consiga implementar em sua casa e na sua família um Natal desde logo mais ecológico e amigo do ambiente.

E para isso existem inúmeras dicas simples que pode pôr em prática e que todos os anos são sublinhadas pela associação ambiental portuguesa Quercus: “Reutilização de materiais, redução da produção de resíduos e compras locais são os votos para um Natal mais sustentável”.

Decoração em casa

Manda a tradição que a árvore de Natal seja montada em casa e decorada logo no primeiro dia do mês de dezembro, mas há quem o faça muito antes, para prolongar ainda mais o espírito natalício. No que diz respeito, então, ao pinheiro, existem duas opções: uma árvore natural ou uma réplica artificial.

Quem optar por uma árvore natural, em vaso, deverá tentar que seja de uma espécie autóctone e proveniente de um viveiro legal. Esta opção permite que, após uma ou mais utilizações, a árvore possa ser plantada no solo. Alguns viveiros já permitem também o aluguer de pinheiros e de outras árvores apenas por um período específico, e essa poderá ser uma boa opção para quem não pretende manter a árvore por muito tempo. Outra opção passa por usar como árvore de Natal os ramos provenientes de podas e cortes feitos na floresta de forma responsável, na medida em que estes não implicam o corte ou o abate de árvores, podendo estes resíduos ser depois encaminhados para compostagem após o Natal.

Se a preferência recair numa árvore de Natal artificial (maioritariamente composta por plástico), a aposta deve ser então na sua longevidade e manutenção ano após ano. Se for sempre guardada e bem acondicionada na sua caixa, manter-se-á como nova.

No que diz respeito aos elementos decorativos, não devem ser utilizados elementos naturais provenientes de espécies em perigo, como o azevinho silvestre, por exemplo, que se encontra em vias de extinção. A alternativa poderá passar por uma decoração artificial (bolas, estrelas, anjos, bonecos de neve, entre outros elementos), apostando no uso de materiais resistentes, de forma que se possam reutilizar no futuro. Estes adereços natalícios devem ser bem mantidos e guardados até ao próximo ano, de modo a permitir a sua reutilização. Se quiser renovar a decoração, pode também promover uma troca de enfeites entre familiares ou amigos no próximo Natal ou fazer os seus próprios ornamentos, em origami, por exemplo.

Quanto à iluminação, seja da árvore de Natal ou de espaços exteriores (varandas, por exemplo), prefira luzes com tecnologia LED, que têm a vantagem de reduzir os custos energéticos em cerca de 80% quando comparadas com lâmpadas tradicionais. É importante desligar sempre a iluminação durante a noite ou quando não está ninguém em casa.

Por se tratar de uma época tendencialmente fria, isole bem a sua casa, de modo a reduzir os gastos com o aquecimento e poupar recursos, como a lenha para a lareira, por exemplo.

Presentes para todos os gostos

É costume dizer-se que o Natal é das crianças, com os mais pequenos a enviarem cartas ao Pai Natal para pedir que lhes deixe no sapatinho os seus brinquedos favoritos. Aos pais cabe depois fazer a gestão dos pedidos e as opções mais amigas do ambiente, alertando também as crianças para a importância da proteção do ambiente.

Para começar, prefira brinquedos educativos e com temáticas ambientais, produzidos sobretudo com materiais como tecido e madeira. Devem ser privilegiados brinquedos úteis e duradouros, sem embalagens muito complexas (que misturam vários materiais e dificultam a reciclagem) e inócuos em termos de substâncias perigosas. Evite também as versões com pilhas ou opte por pilhas recarregáveis, mais económicas e ecológicas.

Os embrulhos com papéis vistosos e brilhantes e grandes laços enchem o olho mas nem sempre são amigos do ambiente, por isso devem ser escolhidas opções mais ecológicas, como papel reciclado ou sobras de papel de anos anteriores.

Para os adultos, pode oferecer produtos de origem nacional, como vinhos, azeite, artesanato, doçaria tradicional, frutos secos, provenientes de produção biológica. No caso de produtos de perfumaria, cosmética ou higiene pessoal, deve-se escolher marcas com produtos naturais, biológicos e que não fazem testes em animais. E na escolha de equipamentos elétricos e electrónicos é importante pesquisar previamente quais as marcas mais seguras e ambientalmente mais sustentáveis.

Se oferecer vestuário, escolha roupa confecionada com algodão orgânico, bambu ou cânhamo. Os cheques prendas são também uma boa opção, estando disponíveis em livrarias, teatros, lojas de roupas ou de outros bens. Em vez de objetos, ofereça experiências e serviços (tratamentos de SPA, bilhetes para um concerto ou entradas num parque de diversões) ou até algum do seu tempo: horas de babysitting para a sua irmã, ajuda nas tarefas de jardinagem para o seu pai, uma massagem e um jantar romântico para a sua cara-metade. Além de serem presentes ecológicos, são também mais originais.

No momento de fazer as compras de Natal, é importante também levar os seus próprios sacos reutilizáveis e considerar as deslocações, preferindo ir a pé a feiras e mercados mais perto de casa (que estimulam o comércio de proximidade), ou utilizar os transportes públicos, evitando assim um aumento do tráfego automóvel e da poluição nas estradas e nos grandes centros urbanos.

Se tem por hábito enviar os tradicionais postais de Natal, escolha modelos impressos em papel reciclado, incluindo os envelopes, ou compre cartões da UNICEF ou de outra associação de solidariedade social. Para reduzir ainda mais a sua pegada de carbono na quadra natalícia, envie postais de Natal ecológicos via Internet, SMS ou telefone aos amigos e familiares que estão longe.

Família reunida à mesa

Comece por definir quantas pessoas estarão presentes no jantar da Consoada ou no almoço do dia de Natal e, em função disso, faça uma lista de compras com os alimentos necessários, de modo a evitar desperdícios. Tenha em atenção a redução dos produtos embalados, para uma menor produção de resíduos. O ideal é que possa confecionar a maior parte dos pratos e sobremesas em casa, privilegiando assim produtos regionais e nacionais, adquiridos no comércio local, se possível de origem biológica e provenientes de redes de comércio justo. Algumas cooperativas locais, por exemplo, promovem a compra de cabazes e o contacto direto entre produtor e consumidor, reduzindo a pegada de carbono destes alimentos.

E porque a grande maioria dos portugueses não concebe o Natal sem um ou mais pratos de bacalhau, adquira bacalhau de média ou grande dimensão e faça o mesmo em relação ao polvo (deverá ter sempre mais de 800 ou 900 gramas) Já o peru, pode e deve ser oriundo de produção biológica. E porque não introduzir algumas opções vegetarianas neste Natal?

À mesa, deve também escolher louça convencional, toalhas e guardanapos de tecido, evitando a todo o custo os utensílios descartáveis. Para as limpezas pós-festa, prefira os produtos biodegradáveis e em recargas.

Resíduos depositados no ecoponto

Mesmo reduzindo ao máximo a produção de resíduos, quando o Natal chegar ao fim terá sempre uma pilha de embalagens para separar e colocar no ecoponto. Para isso, deve ser feita a separação seletiva das embalagens – papel/cartão, plástico, metal, vidro.

Se possível, deve também aguardar alguns dias até depositá-las no ecoponto, de modo a evitar acumulações nos contentores durante a época natalícia. Não se esqueça de que também as rolhas de cortiça podem e devem ser separadas e enviadas para a reciclagem.

Apesar da sua maior importância numa época de grande consumo como o Natal, muitos destes conselhos podem e devem ser seguidos durante todo o ano.

Dica De Blogger: Incluir Receitas Vegetarianas na Ceia de Natal

VIVO À TROCA http://vivoatroca.blogspot.pt/ 

Depois de ter vivido durante pouco mais de um ano com apenas cerca de mil euros e recorrendo a trocas diretas, a psicopedagoga Andresa Salgueiro defende que este estilo de vida “só faz sentido se for visto na perspetiva de reutilizarmos os recursos do ambiente e de nos relacionarmos mais com quem nos rodeia”. E isto pode ser aplicado ainda melhor durante o Natal, garante.

“Pensar num Natal ecológico é pensar-se logo em três coisas: presentes, enfeites e comida. Costumo dizer que a verdadeira reciclagem é feita antes mesmo de iniciarmos a obtenção dos produtos. Se comprarmos uma prenda já com essa preocupação ambiental, estamos a diminuir o nível de produção de resíduos logo à partida”, argumenta, lembrando: “Durante o tempo em que vivi sobretudo de trocas reparei que o meu lixo diminuiu 75%. Para mim, termos essa visão antecipadora do consumo de papel, plástico e vidro é a mais acertada, ecologicamente falando.”

Quanto a dicas, a blogger deixa algumas para um Natal mais ecológico: escolher presentes com a maior utilidade possível, ou, se possível, oferecer serviços em vez de produtos: uma massagem, um curso de escrita criativa, uma ida ao cinema, um bilhete de teatro; fazer os nossos próprios embrulhos personalizados, recuperar as decorações de anos anteriores ou criar os nossos próprios enfeites com material reciclado, ou ainda experimentar receitas vegetarianas na ceia de Natal. “Já conhecem o alho à Brás? É feito igualzinho ao bacalhau à Brás, mas em vez de bacalhau leva alho-francês às rodelas... É uma delícia e não tem espinhas!”, recomenda Andresa.

Dica De Blogger: Nada se desperdiça

PRIMEIRA CASA DA RUA http://primeiracasadarua.com/

Quem passa pelo seu blogue Primeira Casa da Rua depressa percebe que Nuno Matos Cabral é um verdadeiro fã da reutilização e reciclagem de materiais, com inúmeras propostas de decoração e elaboração de presentes especialmente pensados para a época natalícia que se avizinha.

Quanto à separação de resíduos e colocação no ecoponto, o blogger defende que neste Natal a tarefa deve ser atribuída aos elementos mais jovens da família que já tenham capacidade para fazer essa mesma separação. “Assim irão sentir-se responsabilizados e mais úteis, contribuindo para a organização do Natal lá em casa. A sua colocação no ecoponto pode ser feita pelos mesmos com ajuda, se necessária, de alguns adultos. Aquilo que parece aborrecido à primeira vista pode transformar-se numa tarefa divertida”, garante, sublinhando: “Assim ganham hábitos que nunca mais vão esquecer.”

Além da separação de resíduos, diz Nuno, também é importante chamar a atenção das novas gerações para o facto de que os materiais não são inesgotáveis, por isso a reciclagem e reutilização são fundamentais para que o nosso Planeta seja protegido e poupado. Com o mote “nada se desperdiça, tudo se transforma”, o seu blogue propõe, por exemplo, a criação de presentes personalizados e exclusivos, adequados a cada um dos nossos familiares e amigos. “Como o Natal vive da decoração das nossas casas e da decoração da árvore de Natal, o desafio é dar asas à imaginação e com materiais e objetos que já utilizámos em anos anteriores dar-lhes um toque diferente e criar toda uma decoração renovada”, explica.

A Recicla deseja-lhe um bom Natal!