“Ainda pequenota”, Beatriz Leones já dava palpites na decoração da casa dos pais. “Era muito interventiva”, reconhece. “Sempre vi a minha mãe fazer coisas para a casa e sempre gostei muito”, recorda. Daí à formação na área foram dois passos. A televisão, através da qual chegou à casa de muitos portugueses com programas como Querido Mudei a Casa ou Sexto Sentido, veio de seguida. “Comecei a trabalhar em casas particulares e tive a sorte de concorrer a um concurso de jornal para fazer decoração de interiores de novelas e de ser escolhida”, conta. “Foi uma altura muito aliciante.” 

A sensibilidade artística está no ADN. “A minha mãe pinta, o meu irmão tirou escultura, a minha filha está no 10.º ano e escolheu artes”, confidencia. E já vem de trás. “Há muito pouco tempo soube que o meu trisavô Sebastião era músico e também marceneiro de talha dourada”, desvenda a designer. “Existe um altar esculpido por ele no Minho”, precisa.

Na televisão ficou conhecida pelos seus projetos de reutilização que dão nova vida a móveis perdidos e que são a sua imagem de marca. “Acho muito importante não rejeitar ou deitar peças fora. Mesmo muito velho, conseguimos dar a volta”, garante. Mas adverte: “Uma madeira nobre não pode ser tratada por qualquer pessoa.” Já uma peça menos boa pode ser uma boa tela para pintores ou, neste caso, decoradores estreantes.

No programa Querido Mudei a Casa, que já não integra, a filosofia passava sempre pela existência de reutilização nas remodelações de espaço, o que a deixava muito feliz, mas gerava alguma apreensão na equipa de obras, dado o tempo limitado.

“Ficavam sempre a pensar o que é que iria inventar”, ri-se. Entre os trabalhos efetuados, não esquece um em particular. “ Era um roupeiro de uma madeira ótima, que foi transformado em louceiro, espelhado e iluminado”, recorda.

Fora do pequeno ecrã, a reutilização é uma máxima que usa sempre, mesmo em trabalhos de raiz. “Todas as pessoas têm memórias e valor sentimental por determinadas peças, que herdaram, que trazem de outra casa”, resume.

Beatriz Leones também se tem dedicado a obras de cariz solidário, como as remodelações de espaços promovidas através da SIC Esperança: “Fiz cinco anos consecutivos. São projetos muito trabalhosos e muito gratificantes”.
Na memória guarda a remodelação do Quartel dos Bombeiros de Barcarena.“Emocionalmente foi único”, assume. “Adoro mudar a vida de quem não faz parte da minha”, conclui.

5 Dicas de bricolage de Beatriz

1. Não deite as cadeiras fora, pois pode mudar o coxim ou pintar de uma cor de que goste.
2. Aquele louceiro enorme que ocupa a casa toda, transforme-o em aparador, ficando com a parte de baixo, e pinte-a de outra cor.
3. Deixe a base do candeeiro, mude de abat-jour.
4. Pinte os armários da cozinha de uma cor mais leve.
5. Dê cor às madeiras velhas, em vez de as deitar fora.