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E SE PASSOS PUDESSEM GERAR ENERGIA?
E se passos pudessem gerar energia?
2015-11-21
E se passos pudessem gerar energia?

Smart cities

 

Não só é possível como já é uma realidade graças à tecnologia inventada pela britânica Pavegen. Em Portugal, esta energia “verde” está a dar os primeiros passos pela mão dos ecoempreendedores da wattnext.

 

Imagine que a caminhada que faz todos os dias em passo acelerado para o trabalho tem o poder de, horas mais tarde, iluminar o mesmo caminho na hora do regresso, quando o Sol já se pôs. Ou que para conseguir atravessar uma passadeira se coloca em cima de um retângulo destacado no chão para acionar o semáforo verde para peões. O cenário parece tirado de um filme de ficção científica dedicado às smart cities do futuro, mas a verdade é que já é possível transformar a energia cinética gerada pelos passos de milhões de pessoas em todo o mundo em eletricidade usada em tempo real ou armazenada para utilização futura.

 

A tecnologia foi desenvolvida em 2009 pelo britânico Laurence Kemball-Cook, enquanto investigador na Universidade de Loughborough, e já foi distinguida com 15 prémios de inovação. Da sua ideia nasceu então uma empresa, a Pavegen, que hoje comercializa este tipo de energia sustentável para todo o mundo, incluindo Portugal, onde o pavimento que gera energia é representado pela wattnext, dos sócios Mauro Silva e David Pontífice, com projetos já a decorrer em Espanha, França, Itália, Brasil e Roménia.

 

Enquanto empresa de engenharia orientada para implementação de soluções alternativas de produção de energia “verde”, a wattnext associou-se à britânica Pavegen para “transformar as nossas cidades em centrais elétricas” através dos passos de “dois biliões de pessoas que vivem no planeta”, sobretudo em meios urbanos.

 

Como funciona?

 

Na prática, o Pavegen é um pavimento que absorve a energia cinética “desperdiçada” pelos nossos passos e a converte em energia elétrica para utilização em múltiplas aplicações, tais como o funcionamento de sistemas de baixa tensão, sistemas de iluminação da via pública, painéis publicitários, sinalética luminosa, entre muitos outros. Com uma superfície composta por borracha reciclada (semelhante aos pavimentos dos parques infantis), quando pisado o pavimento desce cerca de cinco milímetros e gera cerca de cinco watts de energia, alimentando uma corrente contínua de 12 volts.

 

Além de gerar e armazenar energia, este produto tem ainda a capacidade de funcionar como “gatilho” (para acender a iluminação apenas quando alguém o pisa ou detetar se existe um peão no passeio para atravessar na passadeira) e pode comunicar com um computador via wireless para enviar informação sobre a quantidade de energia gerada.

 

“É uma ideia fantástica nós podermos gerar energia do nada, apenas com os nossos passos”, sublinha Mauro Silva, que tem como sonho criar um novo revestimento para o pavimento com um produto 100% nacional e ecológico: a cortiça. Com a recente angariação de 2,8 milhões de euros através de uma campanha de crowdfunding, a Pavegen irá agora lançar uma nova versão do produto, mais económica e muito mais eficiente, o que irá abrir portas para novos projetos, como, por exemplo, instalação de pavimentos em casas para gerar energia doméstica. “Se o equipamento gerar mais energia a um preço mais baixo, pode ser uma fonte equiparada à energia solar ou eólica”, garante Mauro Silva. 

 

CASE STUDIES NO MUNDO

 

Reino Unido | Aeroporto de Heathrow

Em julho de 2014 a Pavegen instalou 51 mosaicos no terminal 3 do Aeroporto de Heathrow. Os mosaicos alimentam fitas LED instaladas na parede: quando um mosaico é pisado, uma lista vertical acende-se.

 

França | Estação de comboios de Saint Omer

Em março de 2014 a Pavegen instalou no exterior da estação ferroviária de St. Omer (Norte de França) 14 mosaicos, que convertem a energia gerada pelos passos dos viajantes para alimentar um conjunto de LED instalados sob dois bancos, bem como portas USB, que permitem carregar dispositivos eletrónicos.

 

Brasil | Campo de futebol do Morro da Mineira

Com o patrocínio da Shell, a Pavegen instalou 200 mosaicos por baixo da relva sintética, para iluminar o campo, em combinação com painéis de energia solar. O Morro da Mineira é uma das favelas mais carenciadas do Rio de Janeiro.

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