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EU RECICLO, ELES RECICLAM. E VOCÊ?
Eu reciclo, eles reciclam. E você?
2013-05-17
Eu reciclo, eles reciclam. E você?

Há quem diga que não vale a pena, dá muito trabalho, é complicado. 
A verdade é que os argumentos para não reciclar esgotaram-se. 
Conheça a história de duas pessoas que não separavam os resíduos e passaram a fazê-lo com gosto e motivação. 
E, claro, junte-se a eles!

 

Por amor. Foi esse o motivo que levou Hugo Silva, 36 anos, a aderir à separação doméstica dos resíduos de embalagens. Há quatro anos, na hora de partilhar casa com a sua companheira, Hugo, assistente comercial, foi confrontado com uma decisão unilateral. “Ou reciclamos, ou então…”, conta, meio a sério, meio a brincar. Pode não ter sido um ultimato, mas a verdade é que ele começou a reciclar por influência (positiva) da sua companheira. “A partilha de casa e da vida com uma pessoa que fazia reciclagem” foi fundamental, reconhece, para a mudança de comportamento. “Comprámos, de imediato, um ecoponto doméstico”, recorda.

“Eu não reciclava. Antes, era uma pessoa que não dava muita atenção a este aspecto do comportamento cívico”, admite. Motivo? Comodidade; estava bem assim. Mas sabia que podia (e devia) fazer diferente: “Ocorria-me pensar que podia reciclar. Sabia que estava a ser mal comportado com o ambiente. Tinha essa consciência”. Na altura não havia ecopontos próximo da sua casa, o que também não ajudava à alteração de hábitos. No entanto, houve sempre um material que Hugo Silva separou: vidro. E, muito pontualmente, na sequência de uma festa ou um encontro, nos quais “se acumulavam muitos papéis”, lá levava esse resíduo para o ecoponto. “Quotidianamente não era um hábito”, assume.

Sem querer arranjar desculpas, Hugo reflecte sobre esta questão: “Também tem a ver com dar o exemplo. Tal como os meus pais não deram o exemplo, o facto de eu não ter outras pessoas a quem dar o exemplo é capaz de ter tido influência. Se tivesse filhos, certamente seria diferente”, afirma. Mas os papéis inverteram-se e Hugo Silva não só recicla como já transmitiu esse hábito aos pais. “Quando comecei a fazer separação dos resíduos recomendei a várias pessoas, incluindo aos meus pais”, conta. Até lhes comprou um ecoponto e aos poucos conquistou mais dois adeptos da reciclagem.

Com este eco gesto vieram outros, espécie de contágio de acções ambientalmente amigas. Hugo procura reduzir o consumo de água quando lava a loiça ou os dentes, colocou lâmpadas de baixo consumo em casa, usa papel reciclado, recicla os tinteiros da impressora,… Comportamentos que vieram para ficar, diz. “Com o hábito vamos percebendo que vale a pena”.

 

O poder da maternidade

 

Também Rosa Markov, coordenadora logística e operadora da ColchãoNet.com em Lisboa, não era adepta da reciclagem. À medida que o tempo passava, uma questão imponha-se: “Porque é que eu não reciclo?”. Até porque o círculo de amigos que separava os resíduos de embalagens era cada vez maior. “Fui a casa de uma amiga e vi que ela não tinha um caixote do lixo para a reciclagem. Mas isso não invalidava que tivesse um saco de plástico para o papel, plástico, vidro e que depois fizesse a divisão correcta no ecoponto. Não era complicado”, recorda. “Percebi que não tinha desculpas para não fazer”, acrescenta.

A alteração de comportamento deu-se com duas mudanças fulcrais na sua vida: a saída de casa dos pais e o nascimento da sua filha. “O click surgiu quando fui mãe pela primeira vez e percebi que a minha contribuição para auxiliar o planeta, o ambiente, através da reciclagem é muito fácil”, reconhece. Decisão tomada em conjunto com o marido. “Ele foi um grande impulsionador. Isto foi conversado e a consciencialização foi dos dois. Assumimos os dois este compromisso”.

Hoje, passados 10 anos, e com mais dois filhos, com 5 e 1 anos, Rosa Markov é uma defensora acérrima da reciclagem. Tanto que levou esta eco prática para o seio da empresa onde trabalha. “Quando vim para cá ainda era tudo colocado no mesmo sítio. Houve, da minha parte, educação no local de trabalho das pessoas que dividiam este espaço comigo”, conta. Dos resíduos produzidos na megastore na Avenida Almirante Gago Coutinho, 80% é papel e 20% plástico. “É lixo praticamente limpo”, sublinha. Apesar da idade mais avançada dos colegas, que não tinham este hábito em casa, a reciclagem passou a fazer-se sem “algo que fosse incómodo ou mais trabalhoso”. Os ecopontos encontram-se à porta da loja e as embalagens de cartão mais volumosas são reunidas no armazém e entregues directamente na autarquia. É uma prática instalada. “Já nem consigo admitir outra coisa”, confessa a coordenadora logística.  

De não ‘recicladora’, Rosa Markov passou a defensora acérrima deste eco hábito. Tanto que lhe perturba ir de férias para a aldeia dos pais, na zona da Lousã, e não ter ecopontos para fazer a separação diferenciada dos resíduos. Ou ir até à Bulgária, terra natal do marido, e não ter como reciclar. “Sinto-me mal quando coloco um papel, um plástico no mesmo sítio, misturados com o lixo”, assume. Os filhos também já têm essa preocupação, adoptando este hábito de forma natural. “É minha pretensão criar três seres humanos que consigam avançar com esta rotina”. Estão no bom caminho.   

 

Sem desculpas

 

Para acabar com ideias feitas, a RECICLA desconstrói alguns dos argumentos mais invocados por quem não recicla. Porque não há mesmo desculpa: é hora de passar à acção.

 

1- Gostava de reciclar, mas não tenho ecoponto.

E não precisa. Claro que dá jeito, mas não é imprescindível para fazer a separação dos resíduos em casa. Pode improvisar o seu ecoponto: transforme t-sirts velhas em sacos, dê nova vida às caixas da fruta, reutilize uma caixa de cartão e crie três divisórias, uma para cada material (papel e cartão, vidro, e plástico e alumínio) … As soluções são inúmeras: depende apenas da imaginação e do gosto pessoal.

 

2- A minha cozinha é pequena, não tenho espaço para separar os resíduos de embalagens.

A boa notícia? Qualquer recanto, por mais pequeno que seja, é suficiente, basta que não deixe amontoar muitas embalagens. Leve-as para o ecoponto à medida que as inutiliza.

 

3- Não tenho ecoponto perto de casa.

A rede de ecopontos em Portugal é, actualmente, muito vasta. Segundo os dados da primeira avaliação efectuada pela Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos (ERSAR), divulgada em Abril passado, existem cerca de 40 mil ecopontos de norte a sul. Pode não ter um mesmo à porta de casa, mas não deverá estar muito longe.

4- Acho que separar os resíduos é uma perda de tempo. Aquando da recolha, é tudo misturado.

Isso não é verdade. Se vir um único camião a recolher os materiais depositados nos ecopontos, não pense que são todos amontoados no interior do veículo. Nesses casos, na maior parte das vezes, trata-se de camiões bicompartimentados; os resíduos são colocados em cubas diferentes. Além disso, a Sociedade Ponto Verde (SPV) só paga aos municípios pelos resíduos de embalagens que recolhem, são triados e encaminhados para reciclagem. Daria mais trabalho, e seria mais dispendioso para os municípios, misturar tudo o que foi previamente separado pelos cidadãos e efectuar nova triagem.    

 

5- Reciclar ou não, não faz diferença: sou apenas um…

Nunca se esqueça que a união faz a força e que grandes mudanças resultam de muitas micro acções. Pode parecer um pequeno gesto, mas tem grande impacto. Por exemplo, em 2011 a SPV encaminhou 711.978 toneladas de embalagens para reciclagem, fruto de pequenas participações de milhares de cidadãos.

 

Bê-á-Bá da reciclagem

Três cores, três ecopontos, três tipos de resíduos de embalagens. Saiba onde colocar o quê. É simples.

 

Verde

Colocar: Garrafas de vinho, azeite, refrigerantes ou cerveja, boiões de doces e conservas, frascos de perfume e cosmética.

 

Não colocar: pratos, copos, chávenas, jarras, cristal, embalagens de medicamentos, materiais de construção civil, janelas, espelhos, vidraças, lâmpadas.

 

Amarelo

Colocar: sacos de plástico, frascos de champô, gel de banho ou detergentes, garrafas de água, sumos ou óleo alimentar, embalagens de iogurte, leite, sumo e vinho, latas de bebidas e de conserva, tabuleiros de alumínio, aerossóis, esferovite.

Não colocar: garrafões de combustível, baldes, canetas, cd e dvd, rolhas de cortiça, talheres e copos de plástico, tachos e panelas, talheres de metal, pilhas e baterias.

 

Azul

Colocar: caixas de cartão, sacos de papel, papel de escrita e envelopes, jornais e revistas, caixas de ovos.

 

Não colocar: papel autocolante, papel plastificado, sacos de cimento, embalagens de produtos químicos, toalhetes, fraldas, lenços de papel, guardanapos ou papel de cozinha sujos, embalagens de cartão com gordura, como caixas de pizzas.

 

Dicas:

. Não é preciso retirar a tampa dos frascos e boiões quando os coloca no ecoponto verde. Mas se quiser pode fazê-lo e depositá-la no ecoponto amarelo.

 

- As folhas de papel podem ser colocadas no ecoponto azul com agrafos. O mesmo acontece aos envelopes com janela: não é necessário removê-la.

 

- Pode, se quiser, passar as latas de conserva por água para evitar odores desagrádaveis em casa, enquanto não as leva para o ecoponto amarelo.

 

- Escorra as embalagens do leite e espalme-as para que ocupem menos espaço no seu ecoponto doméstico.

 

- Se o ecoponto estiver cheio, não deixe na rua os resíduos de embalagem que separou. Isso é considerado abandono de lixo na via pública, punido por lei. Se possível, dirija-se a outro ecoponto; caso contrário, leve os resíduos de volta para casa e tente no dia seguinte. Certamente que a recolha será efectuada em breve. 

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