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REDE DE VALOR
Rede de Valor
2010-11-01
Rede de Valor

Os carros em fim de vida já não ficam esquecidos na via pública. 
Criada há cinco anos a Valorcar revolucionou o sector e desmantelou mais de 301 mil carros.

 

Sabia que se estiver a jogar futebol num campo de relvado sintético poderá estar a pisar os pneus do seu antigo automóvel? Graças à bem sucedida actividade dos centros de abate de veículos, é provável que isso aconteça. Segundo os últimos dados do Eurostat, referentes a 2008, Portugal obteve o oitavo lugar em reutilização/valorização de veículos em fim de vida (VFV). “Poucos sectores de actividade podem gabar-se de resultados tão positivos”, reconhece Ricardo Furtado, director-geral da Valorcar, entidade privada, sem fins lucrativos, responsável pelo sistema integrado de gestão deste tipo de veículos.

 

Rápido crescimento

Longe vão os tempos em que o abandono de veículos na via pública era um flagelo nas cidades portuguesas. “As pessoas faziam-no por desconhecimento e incúria, mas também porque não havia alternativas”, defende Ricardo Furtado. O objectivo inicial da Valorcar foi a organização de uma rede nacional de centros de abate licenciados, onde os proprietários de VFV os pudessem entregar gratuitamente, com a segurança de que os veículos seriam desmantelados e tratados de forma ambientalmente correcta. Em 2005 a rede começou com apenas três centros. Hoje é composta por 68, com presença em todos os distritos do país e nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira. “Foi um salto qualitativo muito grande e rápido. Temos infra-estruturas ao nível das melhores da Europa”, orgulha-se o responsável da Valorcar. No passado dia 5 de Novembro, os centros de abate da rede ultrapassaram o valor histórico de 300.000 VFV desmantelados, representando um total de 264.954 toneladas de materiais diversos (metais, plásticos, vidros, pneus, óleos…). Deste conjunto, 211.963 toneladas foram enviadas para reutilização, reciclagem e valorização energética.

 

Revolução ambiental

A modernização do sector do abate foi desafiante. E a legislação rigorosa contribuiu para o sucesso da operação. Ricardo Furtado destaca como mais importantes as ambiciosas metas comunitárias de reciclagem e valorização, a pressão sobre os operadores não licenciados e a alteração da fiscalidade automóvel com o imposto único de circulação. E explica: “Uma pessoa que tenha um carro registado em seu nome tem de pagar o imposto anualmente até provar que vendeu o automóvel ou que o entregou para abate num centro licenciado”. Por esta razão os centros da rede Valorcar prestam o serviço gratuito de cancelamento dos registos de propriedade e matrícula, tarefa útil, muitas vezes desconhecida.

A evolução das preocupações ambientais foi das mais marcantes. Superando as metas comunitárias – 80% de reutilização/reciclagem e 85% de valorização – a rede Valorcar tem soluções para todos os componentes de valorização obrigatória. Além do metal e das peças aproveitam-se, por exemplo pneus, vidro, plástico dos pára-choques, catalisadores, combustível e óleos. “É gratificante ver que o sector percebeu que a forma como trabalhava não tinha futuro. Os empresários interiorizaram que podem retirar dos veículos a parte que lhes interessa do ponto de vista comercial, mas também tudo o que tem escoamento garantido para outras indústrias. Gerou-se uma dinâmica de cadeia de valor”, assume o director-geral da Valorcar. Por isso a prioridade a curto prazo é investir na área de investigação e desenvolvimento na procura de soluções para os materiais ainda sem alternativas de aproveitamento. Em 2015 a exigência das metas comunitárias sobe para 85% de reciclagem e 95% de valorização. Novo desafio.

 

Futuro diversificado

Com uma equipa muito reduzida – apenas três pessoas –, a Valorcar continua a diversificar a área de actuação. Desde 2009 que é a primeira empresa nacional licenciada como entidade gestora de baterias usadas, aproveitando, para tal, a sua rede, que já presta esse serviço. “Pretendemos alargar a nossa actividade à gestão global dos resíduos do sector automóvel, não só dos resíduos de fim de vida, mas também dos resultantes da manutenção e reparação”, revela Ricardo Furtado. A colaboração concertada com os próprios produtores de automóveis é uma das mais-valias conquistadas. Para breve estão previstas várias sessões de formação aos concessionários, canal de informação e divulgação muito importante junto do público. E objectivos de expansão? “Queremos crescer mais no interior, mas não pretendemos ter uma rede gigantesca porque se torna impossível de gerir”. Ricardo Furtado, aliás, orgulha-se de “na rede Valorcar já estarem incluídas as empresas de maior dimensão nacional”. E congratula-se com a revolução tecnológica que se vive no sector. São “os frutos de um trabalho bem feito”.

 

Datas importantes

 

Agosto de 2003 - Constituição da Valorcar

Julho de 2004 - Licenciamento como entidade gestora dos veículos em fim de vida

Março de 2005 - Inauguração da rede Valorcar com a contratação dos três primeiros centros de abate

Dezembro de 2006 - Cumprimento das metas de reciclagem e valorização de veículos em fim de vida, que se repete nos anos seguintes

Julho de 2009 - Licenciamento como entidade gestora das baterias dos veículos

Agosto de 2009 - Licenciamento como entidade de registo de produtores de baterias de veículos

Setembro de 2010 – Rede Valorcar presente em todos os distritos do país e nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira

 

 

Eco-abate

 

Mais de 87% do peso de cada veículo em fim de vida é reutilizado/valorizado. Saiba como:

 

Bateria – o plástico é usado no fabrico de tubos de rega e vasos para plantas

Pneus – o granulado de borracha é utilizado para relvados sintéticos e pavimentos de parques infantis

Óleos lubrificantes – são encaminhados para valorização energética em caldeiras industriais

Catalisador – o aço é usado como matéria-prima para o fabrico de vigas para a construção civil

Pára-choques – o plástico é utilizado no fabrico de mobiliário urbano

Vidro – é usado como matéria-prima na composição de produtos vidrados, como loiças de casa de banho.

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