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JARDINS DO FUTURO
Jardins do futuro
2011-03-01
Jardins do futuro

Design com preocupações ambientais e tecnologias sustentáveis estão ao serviço da arquitectura contemporânea e contribuem para a criação de edifícios de alta-performance que já não dispensam telhados e revestimentos vegetais.

 

Vivemos na era das cidades. Nunca a humanidade esteve tão afastada da natureza e nunca a natureza pareceu tão necessária ao bem-estar das massas urbanas. Há, por isso, que repensar a organização do território e dotá-lo de sustentabilidade económica, social e ambiental. A arquitectura promete ser a parede mestra da missão e os telhados e revestimentos verdes a chave da edificação de cidades onde apetece viver, conviver e respirar.

As vantagens da introdução destes pequenos jardins nos edifícios são múltiplas: combatem o efeito ilha de calor urbano, devido ao aquecimento provocado por emissores de CO2; melhoram a qualidade do ar; absorvem as águas pluviais, e aumentam os espaços de habitat para a fauna local.

A nível social proporcionam agradáveis espaços de lazer que podem ainda acumular a função de horta urbana e, em termos económicos, aumentam a eficiência energética dos edifícios pelas suas propriedades isolantes, reduzindo assim os custos de aquecimento e refrigeração. Mais: durante o Verão as plantas protegem o edifício da solarização e no Inverno reduzem as perdas de calor.

Em Berlim, Alemanha, 10% dos edifícios actualmente construídos estão dotados de telhados ajardinados e em Copenhaga é raro o prédio que não ouse riscar os céus em tons de verde. Já em Portugal a prática não é muito corrente, mas começa a implementar-se. Provavelmente o caso mais antigo remonta aos anos 50, quando o arquitecto Ribeiro Telles revestiu o parque de estacionamento subterrâneo da Fundação Gulbenkian de um relvado único em Lisboa com apenas 30 centímetros até à superfície.

Recentemente temos como exemplo o Bom Sucesso – Design Resort, Leisure & Golf, perto de Óbidos. Trata-se de um empreendimento turístico imobiliário com 600 unidades de alojamento que conjugam de forma inédita o talento de 23 arquitectos, entre os quais constam os nomes de Gonçalo Byrne, Carrilho da Graça e Siza Vieira.

 Não menos emblemáticas são as Natura Towers, empreendimento de escritórios que conjuga pela primeira vez em Portugal a utilização de painéis fotovoltaicos nas fachadas e cobertura (que garante a iluminação dos núcleos centrais e arranjos exteriores); de painéis solares térmicos (para o aquecimentos das águas das copas e instalações sanitárias) e de sistema de ventilação da dupla fachada (para o arrefecimento e aquecimento dos escritórios). O ar condicionado não tem filtros, poeiras e esgotos de condensados. O edifício permite, ainda, a recolha das águas pluviais na cobertura, utilizáveis para rega, e tem painéis vegetais verticais nos núcleos centrais, cujo revestimento com plantas possibilita a produção de oxigénio e a diminuição da sua pegada ecológica. As trepadeiras dentro da dupla fachada humidificam o ar e proporcionam uma sensação de integração na natureza. Não admira que seja o primeiro edifício com a classificação  A+ em Portugal no que toca a eficiência energética.

Outro caso exemplar? A Casa do Douro, de Ricardo Cruz e Susana Barros.

Com cerca de 120m2, esta habitação respeita a tradição de construção em socalcos e tem dois pátios que permitem a entrada de luz exterior. Os custos foram contidos usando-se mão-de-obra local. Já a energia foi rentabilizada através do aproveitamento do contacto com a terra que melhora o comportamento térmico do edifício; da concepção de pequenos vãos virados para sul (Rio Douro) e envidraçados maiores para os pátios a norte; e da cobertura em terra vegetal que diminui o impacto térmico no meio envolvente. A moradia superou uma técnica ancestral de construção, com base na utilização de xisto no exterior das paredes e pavimentos. Acima de tudo deixa intacta a paisagem do Douro. Do alto do telhado no socalco .

 

Destaques: As Natura Towers aliam o design às soluções de sustentabilidade disponíveis no mercado

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