Gisele Bündchen é uma das modelos mais famosas do mundo, mas o que talvez muita gente desconheça é que a brasileira teve enorme responsabilidade no sucesso de uma marca de chinelos, a Ipanema. Ao permitir que fosse lançada a linha Ipanema GB, Gisele licenciava o seu nome para um produto pela primeira vez e apontava como uma das justificações o facto de se tratar de algo que tinha preocupações ecológicas. A verdade é que os chinelos e as sandálias Ipanema, para lá de questões estéticas que lhes valeram colocar em causa o reinado das Havaianas, são fabricados com um composto de polímeros (plástico) 100% reciclável, o que se traduz numa grande vantagem para o nosso planeta. 
Mas a Ipanema e a Havaianas têm um rival de peso: a Amazonas Sandals. Inspirada nos rios, na floresta e na cultura amazónica, esta linha ecológica utiliza material reciclado, reciclável ou biodegradável na sua composição e, de acordo com a marca, em condições favoráveis, a bio rubber (borracha natural com látex que vem das seringueiras nativas da Floresta Amazónica) pode desintegrar-se no espaço de cinco anos, ao contrário dos 700 anos estimados para as borrachas sintéticas. A marca assumiu-se como o primeiro fabricante mundial de sandálias biodegradáveis e o destaque vai mesmo para a linha Eco Rubber, com chinelos de borracha compacta totalmente reciclada.

Até Louboutin se rendeu 

É também no Brasil que encontramos Thái Quang Nghiã, um vietnamita que fugiu do seu país quando tinha 21 anos e que, depois de ser resgatado por um barco em pleno oceano, acabou por encontrar uma vida melhor em terras de Vera Cruz. E a grande viragem na sua vida deu-se quando, buscando
inspiração num modelo de chinelos usados no seu país de origem, criou uma linha de calçado com sola feita a partir de pneus reciclados. Nascia a Góoc, um verdadeiro caso de sucesso, onde se defende a máxima de que o conforto e a beleza podem ajudar a construir um mundo melhor.
E por todo o mundo chegam exemplos que corroboram essa máxima. Veja-se o caso da Simple Shoes, uma marca de sapatos sustentáveis femininos, masculinos e infantis. Para o verão, a sugestão são os eco sneaks, que na sua composição, e à semelhança de muitos outros modelos da marca, utiliza garrafas PET recicladas, algodão orgânico e pneus de carro reciclados para as solas. Existem também os fresquíssimos For your Earth, que não dispensam a utilização de algodão orgânico e de garrafas PET recicladas e que garantem utilizar tintas livres de substâncias tóxicas. Até as palmilhas são feitas de materiais reciclados!  Mais arrojada e mais alta, pois falamos de sapatos de salto alto, é a Olsenhaus, que até utiliza ecrãs de televisão reciclados para criar o seu próprio calçado. A marca é ainda um forte apoiante das iniciativas da Peta, organização não governamental que luta contra abusos em animais. Não admira, por isso, que a Olsenhaus assine como “pure vegan” e assuma uma política de respeito pelos direitos dos animais, pelos direitos das pessoas e pelo ambiente. E, já que falamos em saltos altos, vale a pena recordar que até o famoso Christian Louboutin aderiu a esta corrente de calçado sustentável e criou dois modelos feitos a partir de material reciclado: o Winter Trash e o Eco Trash, sendo este último o que deve ser usado no verão. Para quem quiser uma marca conceituada mas não gostar de saltos altos, saiba que a Moschino se juntou à Kartell, uma marca de objectos de decoração, e em conjunto criaram umas sabrinas feitas a partir de plástico 100% reciclado.

DO OCEANO PARA AS CRIANÇAS

No Quénia, os chinelos perdidos no mar dão origem a brinquedos.
É famosa a ilha de plástico existente no oceano Pacífico, tão famosa que uma fundação queniana especializada em acções sustentáveis, a Ocean Sole, criou um projecto de reciclagem de chinelos. A curiosidade é que muitos desses chinelos chegam à costa de Nairobi vindos, precisamente, dessa tal ilha de lixo existente no Pacífico. E foi a partir destes chinelos à deriva que se iniciou um projecto do qual resultam objectos de decoração, artesanato e belíssimos brinquedos que já foram notícia um pouco por todo o mundo.

MADE IN PORTUGAL
Cortiça e muito mais.
Também cá há exemplos de calçado com preocupações ecológicas. A Rutz, por exemplo, adoptou a cortiça como material de eleição. Rutz remete-nos para roots, raízes, origens e tradições portuguesas, mas pode ser conotado com routes, as rotas que devem ser seguidas para um futuro melhor. A pensar na próxima estação, apresentamos-lhe a Green Boots, uma marca de Leiria que recuperou o estilo das botas de trabalho dos anos 50 mas com a vertente da sustentabilidade. As
solas são de borracha reciclada, os interiores em algodão, é reaproveitada cortiça para o isolamento e utilizado cabedal, natural e biodegradável.