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QUANTO QUER PAGAR PELO SEU LIXO?
Quanto quer pagar pelo seu lixo?
2016-03-17
Quanto quer pagar pelo seu lixo?


Era o toque da campainha que despertava a atenção de quem passava numa das ruas do centro histórico de Guimarães. Imitava o som da buzina da carrinha do pão ou da fruta que antigamente vendia porta a porta. Os vimaranenses espreitavam pela janela e outros paravam para ver quem estava para chegar. O que se fazia anunciar era o veículo da VITRUS Ambiente para a recolha dos resíduos, também esta porta a porta. Mas, contrariamente aos negócios de antigamente, este é caracterizado pela sua originalidade, o que ainda aguçava mais a curiosidade e a necessidade de explicar o seu funcionamento. E mesmo as carrinhas já são totalmente elétricas. Sinal dos tempos modernos. Na verdade, neste processo de entrega e recolha testemunhámos que o passado, o presente e o futuro se podiam misturar curiosa e harmoniosamente. O cenário do centro histórico, a buzina, a identificação pelo nome próprio do proprietário da Cozinha Regional Santiago, lembrou-nos da proximidade com que se vivia no antigamente. Em contraste, ouvíamos falar de separação de resíduos, reciclagem, sustentabilidade, palavras que estão na ordem do dia em resultado de preocupações futuras. A par destes nossos pensamentos, descia o veículo elétrico pela rua estreita calcetada. Acompanhávamos Dalila Sepúlveda, responsável pelo modelo, e Daniel Pinto, da VITRUS Ambiente, no quarto dia de entrega e recolha dos primeiros equipamentos. A Câmara Municipal de Guimarães e a Resinorte são os outros dois organismos envolvidos no projeto.

 

Com arranque oficial a 22 de janeiro deste ano, o sistema Pay-as-you-throw (PAYT), que numa primeira fase só será implementado no centro histórico de Guimarães, promete ser uma alternativa à tarifa do lixo que está indexada ao consumo de água. A partir de agora, passa a existir um benefício imediato pela separação do lixo ou pela sua redução, pois o cidadão é incentivado a reduzir e a reciclar. Tal como o nome indica, o PAYT permite aos cidadãos apenas pagarem o lixo que produzem e não separam para reciclagem.
 

 

Implementado a 22 de Janeiro , o sistema PAYT será testado numa primeira fase no centro histórico de Guimarães, como alternativa à tarifa do lixo em vigor.

 

 

Apesar de ainda estar no início, a adesão dos moradores e comerciantes tem sido bastante positiva. E até já há vontade expressa de outras freguesias do concelho implementarem este modelo. Mas este resultado não foi inesperado, pois, face ao estudo realizado previamente, 70% dos moradores do centro histórico da cidade tinham concordado com uma solução de benefício para quem reciclasse e separasse o lixo.

 

A mais-valia desta iniciativa assenta no princípio base do bom comportamento que deve ser premiado. Não basta mais uma campanha de sensibilização, é preciso envolver as pessoas nas causas ambientais através de uma aliança de ganhos.

 

Na prática, este modelo traduz-se na distribuição, pela empresa municipal VITRUS Ambiente, de um miniecoponto por cada habitação/comércio para a separação do lixo reciclável (papel, vidro, plástico e metal) e da entrega de sacos próprios para a deposição dos resíduos domésticos ou indiferenciados, cuja capacidade unitária é de 30 litros para consumidores residenciais e de 50 litros para o comércio. Todavia, nesta fase inicial, os sacos são distribuídos gratuitamente. Só serão pagos quando for aprovado o novo tarifário do lixo para 2016. A implementação do modelo vai ser gradual e, se os resultados forem satisfatórios, daqui a cinco anos este modelo estará em funcionamento em todo o concelho.

 

Estas são algumas das explicações que Dalila Sepúlveda e Daniel Pinto disponibilizam a quem os aborda.
Percebe-se que os objetivos estão bem definidos: a melhoria dos comportamentos ambientais, a redução da produção de resíduos e o aumento da recolha seletiva, que o estudo prevê de 15% já no primeiro ano.

 

E mais um sinal do futuro foi dado nesta caminhada pela rua estreita calcetada quando percebemos que este modelo tem no horizonte a candidatura de Guimarães a Capital Verde Europeia em 2020. Um Património Mundial da Humanidade que aspira também ao título de património do ambiente.

 

 

Do papel à prática


• A VITRUS vende os sacos para os resíduos indiferenciados e oferece um miniecoponto por cada habitação ou comércio.
• Os sacos são previamente adquiridos nas instalações da VITRUS ou diretamente na viatura de recolha.
• A recolha é efetuada por duas viaturas elétricas, que percorrem todo o centro histórico nos diferentes períodos do dia, permitindo que o cidadão entregue diretamente o seu saco de lixo indiferenciado ou reciclável.
• Através de um dispositivo móvel, é feita a leitura do identificador do saco.
• A viatura elétrica de recolha do lixo efetua várias passagens diárias, iniciando o seu percurso, de segunda a quinta e domingo, às 07h30, com novas passagens às 09h30, 13h30, 15h30, 19h30, 21h30 e 00h30. Às sextas e sábados é efetuada uma passagem extra, às 02h30.
• Estima-se que cada particular gaste dois sacos por semana, a um custo que rondará os 0,25 euros por unidade. Nesta fase inicial, os sacos são gratuitos.
 

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