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A VIDA É PARA RECICLAR
A vida é para reciclar
2012-02-28
A vida é para reciclar

A oficina de reciclagem do Chapitô, escola de circo que em 1981 foi fundada por Teresa Ricou, nasceu contra a corrente, ainda pouco se falava de reciclagem. “Todas as peças que deixam de servir, desde a mobília que utilizamos nas instalações até ao material didáctico, vêm para aqui. As roupas que usamos nos espectáculos saem todas daqui”, diz Ana Silva Nunes, assistente de direcção do Chapitô. A oficina é também loja, onde há ferros de engomar e chaleiras transformados em candeeiros e molduras feitas de peças de teclado de computador, entre outras.

 

Não sendo o core business do Chapitô, causas como a sustentabilidade são um complemento natural de um projecto que nasceu para a comunidade e de olhos postos no futuro. Mais do que casa de espectáculos e escola de circo, Teresa Ricou criou nas instalações da antiga Cadeia das Mónicas, em Lisboa, um espaço onde o ensino das artes circenses funciona como instrumento de integração social: alunos de meios familiares estruturados convivem na escola com jovens com passado de delinquência.

 

Para melhor chegar aos jovens em risco, o Chapitô estabeleceu com o Ministério da Justiça um protocolo que lhe permite realizar ateliês nos centros educativos Bela Vista e Navarro de Paiva. “Muitos destes jovens acabam por encontrar, através destas práticas, uma vocação e um sentido para a vida”, explica Luísa Martins, psicóloga de formação e coordenadora de Acção Social.

 

Equilibrar as contas de áreas tradicionalmente deficitárias como reinserção social, formação e cultura, e manter o sucesso e reconhecimento público durante 30 anos, não é fácil. Teresa Ricou é o rosto e as mãos do Chapitô: “Tenho obsessão pela sedimentação dos projectos e das coisas que se fazem. O meu projecto de vida foi mostrar ao mundo que isto podia ser feito e está feito. É um modelo único que para ser bem sucedido tem toda uma economia social a sustentá-lo. Portugal está falido, mas conseguimos acertar as nossas contas. Tudo porque trabalho muito. Consegui estabelecer parcerias com as mais diversas entidades, públicas e privadas, para tornar isto sustentável”. Uma tarefa que não lhe dá tréguas.

 

Fotos: Filipe Pombo/AFFP

 

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