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ÁRVORES PARA A VIDA
Árvores para a vida
2014-09-24
Árvores para a vida

O poema brotou-lhe nas mãos, pronto a romper pelo chão fértil da memória. “Não é bastante não ser cego/Para ver as árvores e as flores” e os versos da safra de Alberto Caeiro encheram-lhe a vista (e as medidas) pela possibilidade de mostrar aos outros os incontáveis frutos que as árvores têm para nos dar, da captura de carbono à regulação da água no solo, ao combate à erosão, ao contributo para amenizar a temperatura, sem esquecer os benefícios para a saúde e o bem-estar físico e psicológico de todos.

Aos olhos de Marta Pinto, porém, há muito que estes gigantes lenhosos se deixavam vislumbrar a outra luz. Antes do poema se dar a ler, antes mesmo, até, de se ter escrito a história do projecto FUTURO – 100.000 árvores na Área Metropolitana do Porto – com o qual a investigadora da Universidade Católica Portuguesa e o Centro Regional de Excelência em Educação para o Desenvolvimento Sustentável da Área Metropolitana do Porto (CRE.Porto) querem reabilitar e fazer despontar novas florestas urbanas em 16 municípios do Grande Porto –, já Marta reparara no bem que as árvores enraízam nos lugares e nas gentes.


O terreno pode ter sido preparado pelo pai, “uma daquelas pessoas muito sensíveis à Natureza”, que devorava todos os programas de vida selvagem que davam na televisão. Ou, talvez, pela avó, que, por viver num meio rural, a ajudou a nunca tirar os pés da terra. Pode até mesmo ter nascido de geração espontânea, numa das muitas aventuras no campismo, onde “um batalhão de miúdas”, num exército de brincadeiras, erguia morada na copa das árvores. Já a consciência ambiental haveria de ganhar mais força numa visita de estudo, algures pelos 11 ou 12 anos, à Lipor (entidade responsável pela gestão e tratamento dos resíduos urbanos em oito municípios do Grande Porto). E foi por entre uma “impressionante quantidade de lixo” que percebeu “que as pequenas coisas que fazemos podem ter um impacto global”.

Grão a grão – ou semente a semente –, olhando à meta de plantar 100 mil árvores para compor o ramalhete de espécies autóctones que, desde 2011, a rede de 37 parceiros do CRE.
Porto procura devolver à Área Metropolitana do Porto, os resultados já alcançados deixam antever um futuro risonho. Por esta altura, a bióloga e a equipa por si liderada viram germinar, em 88 hectares já intervencionados, 31.965 árvores. Para tornar esta soma ainda mais sustentável só falta acrescentar-lhe um novo ramo. “O nosso sonho é desenvolver projectos de economia social, aproveitando alguns recursos da floresta”, almeja Marta, de olhos postos no que ainda há de vir (e ver).

 

Com os pés (e as mãos) na terra

O projecto que zela pelas florestas nativas com as pessoas e para as pessoas. O que é natural é bom e deve interessar a qualquer pessoa, defende Marta Pinto, a apaixonada pela Natureza que não consegue “ver o ambiente de uma forma estrita e pensar só na arvorezinha ou no passarinho”. Porque um mundo mais sustentável traz benefícios para todos, o plano para o FUTURO – 100.000 árvores na Área Metropolitana do Porto tem sido o de “implementar, plantar e cuidar das florestas nativas com as pessoas e para as pessoas”. Não espanta, por isso, que o projecto que reúne autarquias, autoridades florestais, empresas e associações de defesa do ambiente conte também com o contributo de 5994 cidadãos que já ofereceram 16.248 horas de trabalho voluntário.

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