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DESIGNER QUER CRIAR UM MUNDO MELHOR
Designer quer criar um mundo melhor
2015-11-27
Designer quer criar um mundo melhor

Teresa Gameiro

 

A partir de Fátima, Teresa Gameiro cria malas e acessórios que aproveitam os desperdícios da indústria têxtil e de roupas antigas para criar peças contemporâneas, ecológicas e sustentáveis.

 

"Isto era um vestido da minha mãe, muito colorido”, explica Teresa Gameiro, de 29 anos, apontando para uma pequena clutch, que combina na perfeição tons de azul, laranja, roxo e branco, numa explosão de cores. Como em todas as suas criações, a base é o pano feito a partir de desperdícios têxteis (peças de roupa em segunda mão e restos de fios de bobinas), usando uma técnica de tecelagem antiga, denominada “puxados”. Uma arte em risco de se perder e que Teresa quer preservar a todo o custo.

 

Quase sem margem para erros, a designer, natural da região entre Leiria e Fátima, que há dois anos e meio lançou uma marca de malas e acessórios com o seu nome, lembra-se de onde vieram os tecidos para as peças que cria de raiz. “Esta tirinha de tecido, por exemplo, veio de uma blusa costurada pela minha avó Delfina”, diz, apontando para uma pasta em exposição no seu showroom, em Fátima. Dessa peça de roupa, com elevado valor sentimental, resta apenas o colarinho exposto numa das paredes do atelier, minimalista e decorado com alfazema. É ali que Teresa guarda os restos de tecidos, separados por cores, que serão usados para produzir as peças de design nas quais alia a tradição à contemporaneidade e que apostam na reutilização têxtil e na valorização da matéria-prima e do saber fazer locais para criar produtos ecologicamente sustentáveis, de grande elegância e qualidade.

 

“Hoje em dia é importante que os designers não criem uma peça só por criarem, mas que pensem toda a sua sustentabilidade. Esse é o nosso papel. Os materiais que usamos são importantes no planeta. Nós, designers, podemos ter o papel de criar um mundo um bocadinho melhor”, defende Teresa Gameiro. Sobre as suas malas, deseja que sejam “passadas de geração em geração”.

 

Tudo começou com o curso de Design de Moda no Porto. De seguida rumou a Lisboa, onde aprendeu Modelação de Vestuário. Surgiu depois um estágio profissional no atelier de moda Os Burgueses e a possibilidade de concorrer ao Projeto Da Vinci. Foi para Itália e durante três meses trabalhou na casa Barena Venezia. “A marca inspira-se na tradição local com um look contemporâneo. Isso despertou-me para o interesse sobre a nossa cultura, as nossas tradições e costumes”, lembra.

 

De regresso à sua terra natal, meteu mãos à obra e começou a pesquisar sobre o reaproveitamento de têxteis, como era feito antigamente pelas costureiras e tecedeiras da região. “Desde que me lembro, as minhas duas avós, Delfina e Maria, faziam reutilização têxtil, desde colchas em patchwork a mantas de retalhos, sempre com esta missão de reutilizar e reaproveitar”, conta Teresa Gameiro.

 

Foi experimentando e na primavera/verão de 2013 lançou a sua primeira coleção de malas, mochilas, clutches e outros acessórios, que aliam a tecelagem e as peles trabalhadas também localmente, em Alcanena.

 

“Todo o projeto é local e sustentável”, diz, explicando que se inspira na Natureza. Nunca parou para fazer um plano de negócios “a sério”, mas a verdade é que a marca foi crescendo e hoje vende os seus produtos no Museu de Serralves, no Porto, na loja Portuguese Love Affairs, em Londres, e na Green Store, em Braga. Em Lisboa será feita a apresentação da sua nova coleção e outras novidades em termos de produtos (ainda no segredo dos deuses) no Arquivo 237, na Rua da Rosa. 

 

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