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LISBOA EM MUDANÇA
Lisboa em mudança
2017-04-20
Lisboa em mudança

O número de carros a circular em Lisboa continua a aumentar. Segundo um estudo da Brisa, numa lógica pendular que inclui várias entradas durante o dia com o mesmo veículo, este número pode facilmente ultrapassar os 700 mil, um volume que a cidade não tem capacidade de absorver. Intensificam-se, assim, os congestionamentos (com impacto na qualidade do ar, nos gastos de combustível, na carteira e, claro, na qualidade de vida global da população) e o estacionamento torna-se uma dor de cabeça. As alternativas a esta realidade começam a aumentar e a edilidade está a trabalhar no assunto.

 

De acordo com Fátima Madureira, diretora municipal da Mobilidade e Transportes na Câmara Municipal Lisboa, neste momento a capital tem aquilo a que chama um “novo mapa mental”: “Criámos coroas na cidade: a mais estreita tenderá a trânsito zero (Zona Ribeirinha e Baixa) e na mais larga, a nossa ‘quinta circular’, ficarão os parques dissuasores, de custo reduzido ou mesmo gratuitos, de modo a compensar financeiramente quem os irá utilizar.” O que se pretende é que as pessoas deixem o carro o mais longe possível do centro. No entanto, para que isto seja uma realidade tem de haver respostas dos transportes públicos ou de outras soluções e a Câmara de Lisboa tem consciência disso.

 

De facto, todas as soluções de transporte na cidade necessitam de ser pensadas de forma combinada e integrada para serem eficazes. Por exemplo, para o transporte público ser mais eficaz em termos de rapidez, há que começar por reduzir o número de viaturas particulares que circulam pelas ruas. “Não queremos colocar entraves a quem entra na cidade, estamos a pensar pela positiva e a arranjar alternativas credíveis que façam com que as pessoas optem pelo transporte público”, refere a responsável. Por outro lado, acrescenta: “Este tem de começar a ser visto como um meio fiável e simpático de circular pela cidade.”



Uma questão de mentalidades

 

Fátima Madureira acredita que a predisposição para as pessoas andarem menos de carro surgirá de forma natural. Até porque andar a pé faz bem ao ambiente e à saúde.

 

O mesmo se aplica à bicicleta, enquanto alternativa ao automóvel. “Estamos a criar condições para que as bicicletas possam circular e constituir um meio complementar do transporte público. Além disso, em meados de 2017 as bicicletas partilhadas vão ser uma alternativa bastante interessante e estou convencida de que as pessoas irão aderir com facilidade”, explica a diretora municipal. Como irá funcionar o sistema? Simples: as pessoas pegam na bicicleta que estiver disponível à porta de casa e depositam-na no local de destino, com um custo de utilização baixo. Outros argumentos convincentes não faltam: além de saudável, é divertido, e Lisboa tem um clima maravilhoso. Atualmente existe na Câmara Municipal um grupo de trabalho dedicado exclusivamente ao novo projeto de bicicletas partilhadas, já que existem várias condicionantes para a sua circulação, nomeadamente a nível de segurança, tanto para os ciclistas como para os peões. “Um dos desafios da gestão das grandes cidades está em criar um maior equilíbrio, porque o espaço tem de ser para todos”, diz Fátima Madureira.

 

Uma coisa parece certa, refere a responsável: transportes mais eficazes, com os meios disponíveis e sob três pressupostos principais – menor custo, menor tempo e maior sustentabilidade. Tudo isto implica planear, integrar meios e sistematizar. E embora os cidadãos ainda estejam muito ligados aos meios de transporte mais tradicionais, sobretudo o automóvel, revelam já uma maior abertura perante formas alternativas de deslocação. Tal como os lisboetas, a Câmara também se encontra aberta a novas ideias sobre meios complementares ou alternativos para circular na cidade, apesar de muitas das grandes decisões que impliquem grandes mudanças na mobilidade urbana poderem demorar algum tempo a ser postas em prática e, sobretudo, a verem-se resultados práticos das mesmas.
 

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