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ACADEMIA DÁ AO PEDAL
Academia dá ao pedal
2016-03-31
Academia dá ao pedal

Não é uma corrida, mas a meta está bem definida.

Tendo arrancado a 23 de novembro último, com a coordenação do Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), o projeto U-Bike Portugal visa promover a adoção de hábitos de mobilidade suave e sustentável no seio de universidades e institutos politécnicos de todo o país. Para lá chegar, pondo a “academia a pedalar” – o lema desta iniciativa –, conta com 5,3 milhões de euros, verba financiada pelo quadro comunitário Portugal 2020, através do Programa Operacional de Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (PO SEUR), que apoiará a aquisição de frotas de bicicletas elétricas e convencionais por parte das instituições públicas de ensino superior candidatas.


Levar os estudantes e a restante comunidade académica a pedalar nas deslocações para as universidades ou politécnicos, criando condições favoráveis ao aluguer destes velocípedes, porém, não basta. Para abrir caminho a uma utilização regular e de longa duração deste meio de transporte, as instituições devem ter em carteira outras medidas estruturais (previstas ou em desenvolvimento) para o campus ou território onde este se encontra inserido.
Claro que o propósito de fomentar o surgimento de um movimento de fundo e duradouro de reconciliação da mobilidade urbana com a bicicleta não é alheio à própria eleição do público alvo deste projeto, explica Isabel Saraiva, responsável pela Direção de Serviços de Estudos, Prospetiva e Planeamento do IMT. “Os alunos universitários constituem um grupo chave para uma aposta sustentável na alteração de hábitos de deslocação, apresentando uma maior sensibilidade para a adesão a novas experiências”, considera.

 


Abram alas ao U-Bike Portugal

 

As instituições públicas de ensino superior podem candidatar-se ao projeto U-Bike Portugal individualmente ou em consórcio – mas sempre em articulação com os respetivos municípios –, até 31 de março de 2016. Uma vez aprovados, os programas devem ser executados no prazo máximo de dois anos.

 


Universidade de Aveiro na linha da frente

 

Pelo mesmo diapasão alinha Margarida Coelho, uma das coordenadoras da Plataforma Tecnológica da Bicicleta e Mobilidade Suave da Universidade de Aveiro (UA), que enaltece a “enorme pertinência” desta iniciativa, por se dirigir ao público universitário, “nomeadamente aos estudantes, dado que estes, ao ingressarem na universidade, tendem a mudar de hábitos de deslocação e podem utilizar um modo de transporte mais sustentável”.


A ultimar a sua candidatura ao U-Bike Portugal, a UA tem-se mantido, nos últimos anos, na frente do pelotão da mobilidade suave a pedal, uma posição intimamente ligada à forte implantação do uso da bicicleta na região de Aveiro, que tem “uma taxa de utilização deste meio de transporte oito vezes superior à média nacional”, adianta a docente. Não obstante os marcos já alcançados, Margarida Coelho lembra, contudo, que ainda há um longo caminho a percorrer, visto que o “uso do transporte individual motorizado ainda é considerado preferencial” por boa parte da comunidade académica da UA. “Atualmente, 70% dos professores e funcionários e 25% dos estudantes – o que significa um número muito elevado, num universo de 14 mil alunos – vão de automóvel para a universidade”, indica.


Lançada em julho de 2014, a Plataforma Tecnológica da Bicicleta e Mobilidade Suave da UA procura precisamente ajudar a inverter este cenário, apoiando a “criação de condições favoráveis ao uso e à produção de investigação e desenvolvimento sobre a bicicleta e a mobilidade suave”, que possam vir a representar ganhos para “o ambiente, a economia e para a qualificação, o território e a vida dos cidadãos e da comunidade”, resume esta responsável. Afinal, falar de sustentabilidade, neste âmbito, não se justifica apenas à luz dos “benefícios ambientais, de saúde e de diminuição do consumo de combustíveis fósseis”, frisa. “Trata-se igualmente de uma questão económica que se prende, em larga medida, com a capitalização da nossa indústria.” Ou não estivesse Portugal no “top 5 da produção de acessórios e componentes de bicicletas e no top 7 da produção de bicicletas a nível europeu”, acrescenta Margarida Coelho, sublinhando que “parte significativa dessa produção industrial está na região de Aveiro. É um setor avaliado em cerca de 200 milhões de euros”.
 


A bicicleta vai à Escola

 

Convicta de que é de pequenino que se deve começar a torcer o nariz à hegemonia automóvel, a Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta (MUBi) trouxe para Portugal o Bike to School Day, um projeto internacional que incentiva os mais jovens a dar prioridade à utilização da bicicleta no percurso casa-escola-casa. Com o propósito de sensibilizar alunos, professores, familiares e a comunidade educativa em geral para a necessidade de reduzir os impactos ambientais da mobilidade urbana e de ajudar a sedimentar o recurso a este meio de transporte de forma regular, de olhos postos no futuro, esta iniciativa dirige-se a estudantes dos 2.º e 3.º ciclos, ensino secundário/técnico/profissional e ensino universitário.
 

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