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MUDAR O MUNDO A PARTIR DO FUNDO MAR
Mudar o mundo a partir do fundo mar
2016-07-27
Mudar o mundo a partir do fundo mar


Se lhe falarmos em erva-patinha, é provável que, pela definição, associe a uma erva aromática. Mas na realidade trata-se de uma alga, mais especificamente da que é usada no sushi e que, embora se apresente com cor negra, pertence ao grupo das algas vermelhas. Esta, a par de outras seis variedades de macroalgas produzidas em Portugal, foi colocada, após vários estudos que comprovaram os seus benefícios para a saúde, na categoria dos superalimentos e representa atualmente, com as suas congéneres, uma das grandes apostas do setor alimentar nacional. 


Consideradas matéria-prima de elevada sustentabilidade e essenciais ao equilíbrio do ecossistema, dada a sua importância, semelhante à das plantas terrestres, na absorção de CO2 e libertação de oxigénio, encontram-se facilmente em zonas rochosas das praias da costa atlântica, mas as dificuldades de recolha em determinadas áreas, aliadas ao crescente aumento da procura (que poderia vir a comprometer a sobrevivência de algumas espécies), motivaram a produção em aquacultura pela empresa ALGAplus, sediada em Ílhavo, que explica à Recicla que este método vem, assim, reforçar a manutenção e qualidade destes “legumes do mar”. O processo é simples: “As algas são cultivadas em tanques terrestres alimentados por um sistema de água renovada pelos ciclos de maré da ria de Aveiro, por forma a absorverem os nutrientes provenientes do meio natural sem qualquer tipo de aditivo químico – dependem apenas de luz e dos nutrientes existentes na água para se desenvolverem –, garantindo a certificação biológica da produção.” 


O crescimento das macroalgas e a sua composição química, como acontece com qualquer outra planta, variam entre espécies e dependem da época do ano e de fatores ambientais como a luz, a temperatura e os nutrientes presentes no ecossistema em que se inserem. Por isso algumas espécies exigem uma fase de maternidade, tornando o seu desenvolvimento mais lento, em oposição a outras cujo processo de reprodução é mais simples, podendo crescer alguns milímetros por dia. Ou seja, “cada alga é um espelho da qualidade do meio onde cresce”.


“Quem” são e para que servem?


Existem mais de 10 mil espécies de macroalgas marinhas, mas em Portugal, por enquanto, a produção da ALGAplus limita-se a apenas sete espécies, todas com os nomes pelos quais são conhecidas nas regiões onde há registo do seu consumo: alface-do-mar, musgo-irlandês, erva patinha, botelho-comprido, cabelo-de-velha, fava do-mar e chorão-do-mar. Em oposição às microalgas, estas veem-se a olho nu e estão agrupadas em três grandes grupos com base nos seus diferentes pigmentos fotossintéticos (verdes, castanhas e vermelhas), composição química e método reprodutivo.


Com uma aplicabilidade muito vasta, atualmente são maioritariamente usadas como matéria-prima na indústria farmacêutica (na produção de medicamentos e produtos cosméticos) ou sob a forma de extratos, em especial no setor alimentar, como espessantes, gelificantes e emulsionantes. 
Mais comummente, encontram-se na composição de pastas dentífricas, gelados, gelatinas vegetais, champôs, xaropes e, mais recentemente, como clarificante, na cerveja artesanal.


No futuro, a jovem empresa de Ílhavo, envolvida em diversos projetos europeus de investigação relacionados com a sustentabilidade, acredita que a democratização da matéria-prima será um processo rápido e espera que esteja para breve a utilização de macroalgas na produção de bioplásticos e tintas ecológicas para a indústria têxtil. Para já, em parceria com a Universidade de Aveiro e empresas locais do setor alimentar, a ALGAplus está já inserida no projeto SHARP, integrado na Iniciativa Portugal2020, com o objetivo de estender a aplicação das macroalgas ao setor alimentar com a criação de “produtos saborosos, que tenham um papel relevante na prevenção de algumas das doenças mais comuns do século XXI”. Exemplo disso é o original Pão d’Algas, um dos produtos sensação da empresa já à venda em Portugal, cujas vantagens em relação ao pão tradicional assentam no facto de este dispensar a adição de sal (justificado pelo sódio naturalmente presente nas algas e sendo, por isso, muito procurado por clientes com restrições alimentares) e de apresentar um elevado potencial nutricional. “E pode ser consumido tal qual o pão dito normal, simples ou acompanhado”, justifica a empresa.

SUPERALGAS
Produção sustentável e certificação biológica São mais ricas em minerais essenciais como magnésio, ferro, cálcio, iodo e fibrado que alguns vegetais terrestres, revelando ainda em seu benefício um baixo teor de gordura e sal. Pela sua composição naturalmente abundante em vitaminas dos complexos A, B e E e propriedades antioxidantes, a sua utilização funcional revelou se benéfica no combate à diabetes, doenças cardiovasculares e alguns tipos de cancro.
 

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