É um facto: não há Verão sem festivais. Mas nem todos são iguais. O Boom Festival, na Herdade da Granja, em Idanha-a-Nova, afasta-se do mainstream e é um dos mais conceituados eventos multidisciplinares de cultura independente do mundo.

O evento surgiu em 1997 e realiza-se de dois em dois anos desde 1998, durante o luar de Agosto. “É um evento multicultural, transgeracional, intercultural e sustentável”, resume Artur Mendes, membro da organização do Boom Festival. E a todas as edições oferece soluções que diminuem a sua pegada ecológica. Este ano “um quarto do festival é fora da rede, independente energeticamente”, afirma Artur Mendes. Para tal, conta com painéis fotovoltaicos, em parceria estabelecida com a empresa BioEspaço, de Castelo Branco, e o reaproveitamento de óleo vegetal usado, através da acção “O seu óleo é música”. Mas há mais.

A organização promove o uso eficiente da água, controlando e tratando todas as águas residuais do evento (restaurantes, cozinhas instaladas no evento e duches), e instalou casas de banho sustentáveis, com recurso à vermicompostagem e sem utilização de água ou químicos.

Reduzir, reutilizar e reciclar são palavras de ordem que ali ganham vida através de pequenos gestos do dia-a-dia.  Como utilização de lâmpadas LED na rede de iluminação pública e nas instalações de arte, o projecto Boom Lab, espaço de investigação desenvolve unidades fixas e móveis de energia solar, e a parceria com o Rock in Rio Lisboa, com o reaproveitamento desperdícios dessa grande festa.

Cuidados que valeram ao Boom Festival várias distinções: em 2008 e 2010 recebeu o Greener Festival Award, e venceu o European Festival Award, prémio Green’n’Clean, tendo sido considerado o festival mais ecológico da Europa em 2010. Além disso foi convidado pelas Nações Unidas para integrar a United Nations Music & Environmental Stakeholder Inititative, lançada em Março de 2010, programa que usa a popularidade da música para promover a consciência ambiental junto do público.  Não admira, por isso, que Artur Mendes veja o festival como “show case de tecnologia ambiental”.