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PURO H2O
Puro H2O
2013-03-14
Puro H2O

Com mais de 400 nascentes de águas minerais, Portugal apresenta uma vasta oferta deste bem precioso. Quem disse que a água é toda igual.

 

“A diversidade geológica do país reflecte-se na variedade da composição físico-química das nossas águas, o que lhes confere um sabor único e distinto”, afirma Francisco Furtado Mendonça, secretário-geral da Associação Portuguesa dos Industriais de Águas Minerais Naturais e de Nascente (APIAM). “Não há duas águas iguais”, acrescenta. Em Portugal existem 38 marcas de água engarrafada, das quais 20 são águas minerais e as restantes de nascente. Mas o que as distingue? Na verdade, “têm mais semelhanças do que diferenças, já que as diferenças estão sobretudo relacionadas com o processo de qualificação e com alguns aspectos técnico-legais”, explica Furtado Mendonça. “Do ponto de vista técnico, as águas de nascente têm em geral tempos de circulação no subsolo relativamente mais curtos do que as águas minerais naturais, pelo que, muito embora bacteriologicamente sãs à saída das captações, podem exibir uma certa variabilidade química sazonal”.

E o que as une? Serem “produtos 100% naturais, identificadas pela origem, preservadas pela natureza e ambientalmente protegidas de qualquer avanço da poluição. Em ambas é totalmente interdito todo e qualquer tipo de tratamento químico”, sublinha. No nosso país, 99% da água engarrafada tem estas características. É residual a comercialização de águas que, “apesar de obedecerem a requisitos de potabilidade, não são classificadas em razão da origem e podem ser objectos de tratamentos químicos”, distingue o secretário-geral do sector. Basta consultar o rótulo das embalagens para saber qual é qual.

 

Qualidade regulada

Em Portugal, o primeiro regulamento para a água mineral natural foi publicado em 1894. Hoje, são várias as normas e directivas que regulamentam o sector.

A água mineral e de nascente são recolhidas na natureza, com recurso aos “mais sofisticados e seguros processos técnicos para captação, engarrafamento e distribuição”, garante Furtado Mendonça. Aliás, segurança é palavra-chave para o sector, alvo de apertada fiscalização. A Direcção-Geral de Energia e Geologia é responsável por realizar um “programa anual de análises obrigatórias, de periodicidade média semanal, quer em termos físico-químicos quer em termos bacteriológicos”, recorda o secretário-geral da associação. Também nas unidades de engarrafamento e no mercado o produto é controlado, através da Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária e da Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica.

Em 2011 o sector atingiu 216,7 milhões de euros de volume de negócios, assegurando mais de 10 mil postos de trabalho, entre os gerados directa e indirectamente, segundo a APIAM. Mais: como as unidades de engarrafamento têm de situar-se próximo das nascentes, as unidades produtivas deste sector encontram-se, na sua maioria, no interior do país, o que contribui “para fixar emprego nessas regiões mais desertificadas onde não há alternativa de empregabilidade para as populações”, sublinha Francisco Furtado Mendonça.

 

Recurso natural

Cada água “tem a sua origem, identidade e história singular, e evidencia uma composição química única. A natureza não se repete”, diz o secretário-geral da APIAM. Produto alimentar 100% seguro, 100% natural, sem adição de químicos e 100% sem cloro são algumas das características das águas minerais naturais e águas de nascentes apontadas por Furtado Mendonça. De destacar ainda que fornecem “sais minerais e oligoelementos imprescindíveis ao organismo”, como cálcio, sílica, flúor e magnésio.

Assente num recurso de origem natural, não admira que o sector representado pela APIAM desenvolva estratégias de protecção ambiental. Primeiro, porque tal é “essencial para garantir a renovação natural em quantidade e qualidade do recurso objecto da actividade. Depois, porque a legislação defende, e bem, que as captações estejam devidamente protegidas de toda e qualquer contaminação exterior”, enumera o porta-voz da associação. Um compromisso para que “as gerações futuras possam beber água mineral natural e de nascente de igual qualidade à que nós bebemos actualmente”, assume.

As medidas seguidas pelo sector passam pela protecção dos aquíferos contra a poluição, diminuindo o riso de contaminação, projectos de conservação de árvores, limpeza dos rios e cuidados com a flora e com a fauna. “Foram também levados a cabo planos de reflorestação que permitem proteger os aquíferos de qualquer contaminação com origem na agricultura ou na exploração animal”, refere Furtado Mendonça. Aposta-se ainda no uso eficiente de água e energia. Bom ambiente, boa água.

 

Com bolhinhas

A legislação europeia permite engarrafar água mineral natural com o seu gás carbónico natural, caso exista. Mas também adicionar gás carbónico de origem artificial, nas condições definidas para a generalidade da indústria alimentar. No primeiro caso, a água denomina-se água mineral natural naturalmente gasosa ou gasocarbónica natural; no segundo, água mineral natural gaseificada ou água de nascente gaseificada. Ligeiramente mais ácidas, as águas com gás ajudam a digestão.

 

Minerais q.b.

Segundo o total de sais minerais dissolvidos, é possível dividir as águas em quatro categorias:

 

  1. Águas hipossalinas (ou pouco mineralizadas) – quando o total de sais não ultrapassa 50mg/L

 

  1. Águas fracamente mineralizadas (ou pouco mineralizadas) – quando apresentam valores de mineralização total entre 50 e 500 mg/L

 

  1. Águas mesossalinas – quando a mineralização total se situa entre 500 e 1500 mg/L

 

  1. Águas hipersalinas (ou ricas em sais minerais) – quando apresentam uma mineralizaçãototal superior a 1500 mg/L

 

 

Bem precioso

A água é um bem escasso no planeta: 97% da água da Terra encontra-se nos oceanos, sendo de origem doce apenas os 3% restantes. Segundo dados da ONU, uma em cada seis pessoas no mundo não tem acesso a água potável. E nos países desenvolvidos 70% dos resíduos industriais são despejados sem tratamentos, contaminado as reservas de água potável. Mais: desde 1900 que metades das zonas húmidas do planeta desapareceram. Se a água é um bem preciso, por outro lado – e para alguns – é também um bem de luxo. Há águas que custam verdadeiras fortunas. A garrafa de água mais cara do mundo foi vendida em leilão por 60 mil dólares, tendo conquistado o record do Guinness. O frasco é em vidro coberto por ouro de 24 quilates, numa homenagem ao artista italiano Amedeo Clemente Modigliani. O leilão decorreu na Cidade do México, em 2010, e o montante angariado foi doado à organizadora do evento, Planet Foundation A.C, contra o aquecimento global.

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