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ESTAFETAS DE BICICLETA POR UMA CIDADE MAIS LIMPA
Estafetas de bicicleta por uma cidade mais limpa
2017-04-20
Estafetas de bicicleta por uma cidade mais limpa

Precisa de enviar uns documentos urgentes para a outra ponta da cidade. São 19 horas, e o mais provável é não arranjar resposta imediata e ter de perder uns dias entre orçamentos e marcações de horário até encontrar o serviço mais conveniente. Mas isso era antes de existir a Camisola Amarela, o primeiro serviço de estafetas em bicicleta de Lisboa e o único da cidade que promete (e cumpre) fazer chegar a mercadoria ao destino entre uma e quatro horas, com um serviço disponível 24 horas e entregas em todo o país.

 

Então, mas percorrer Lisboa de bicicleta não é uma tarefa ao nível de um ciclista profissional?, perguntará o leitor. Não necessariamente. Pedro Ventura, o cérebro por trás das operações, garante que “não é preciso ser atleta olímpico para fazer parte da equipa, mas espera-se que os candidatos nutram uma certa paixão pela modalidade”. Como ele, no fundo, que se assume um entusiasta da bicicleta desde há muitos anos e que foi o primeiro estafeta oficial da empresa que fundou em 2009. Hoje conta já com 15 funcionários e uma estrutura que entretanto se estendeu às motas e às carrinhas de transporte, para mercadorias de grande volume. Para isso adquiriu no ano passado a Real Expresso, uma das companhias mais antigas de entregas em Portugal, com 20 anos de experiência no mercado. Ainda assim, as bicicletas continuam a ser as estrelas da companhia, e isto, explica Pedro Ventura, acontece por vários motivos, sendo o primeiro a rapidez do serviço, que permite responder aos pedidos em tempo recorde. Além disso, “a vertente ambiental é o grande elemento diferenciador da empresa e que os clientes começam cada vez mais a privilegiar” – no total, são já 150 a recorrer aos serviços de entrega em bicicleta. Os números não mentem: desde que abriu portas, a Camisola Amarela orgulha-se de ser 70% mais ecológica do que uma empresa de transporte convencional e de contribuir em larga escala para a mobilidade em Lisboa, facto que lhe valeu uma menção honrosa nos Green Project Awards e que despertou a atenção de outras cidades europeias, como Londres, Basileia e Haia, empenhadas em melhorar as condições de logística urbana. 

 

É fácil de perceber porquê. Imagine que de cada vez que fosse preciso entregar um documento ou um ramo de flores tivesse de usar um veículo motorizado... As emissões de CO2 aumentariam exponencialmente e a própria empresa teria dificuldade em gerir os custos. É precisamente para resolver esses dois problemas que a aposta nas bicicletas continua a ser uma das prioridades. “Constatámos que nos quilómetros finais as distribuições são menos eficientes energeticamente e representam custos mais elevados quando feitas por carrinhas, por isso implementámos o conceito de distribuição da última milha, que, no fundo, consiste na entrega de mercadoria em bicicletas convencionais e de carga, assistidas eletricamente, em qualquer ponto da cidade”, explica Pedro, lembrando que “desta forma, ao dar prioridade à circulação de veículos não poluentes, assegura-se não só a eficácia do serviço como também uma melhoria na qualidade de vida em espaços urbanos”.

 

E o preço compensa? Numa bicicleta convencional, os custos variam entre quatro e oito euros, de acordo com a urgência, enquanto as bicicletas de carga, com capacidade para transportar até 40 kg de mercadoria, têm um custo variável entre 8 e 12 euros (para entregas feitas numa hora). Pedro garante que mais de 95% das vezes os prazos são cumpridos à risca, mas lembra que, apesar de as bicicletas serem quase sempre alheias ao trânsito, quando se circula com um “portabagagens” à frente, não há como furar as filas de carros, e nesse caso pode haver ligeiras alterações nos horários. “É assim a vida na cidade, cheia de imponderáveis”, admite. Para os próximos três anos, Pedro Ventura tem como objetivo continuar a crescer enquanto empresa líder no transporte sustentável de pequenas e grandes mercadorias, aumentar a distribuição por estafetas de bicicleta no centro da cidade e, a médio prazo, substituir os meios convencionais de transporte por veículos elétricos. O caminho ainda é longo, Pedro sabe disso, mas o empenho em tornar os espaços urbanos mais limpos e agradáveis para quem os utiliza será sempre a sua missão de vida.
 

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