Logo Sociedade Ponto Verde

RENOVAÇÃO ORGÂNICA
Renovação Orgânica
2011-06-01
Renovação Orgânica

A Horta da Formiga, projecto criado pela Lipor, empresa de gestão de resíduos do Grande Porto, ensina a fazer a compostagem em casa. 
Porque ao transformar resíduos orgânicos fermentáveis em poderosos adubos, enriquece-se e protege-se o solo. 

 

“Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, dizia o químico francês Lavoisier. Assim acredita a Lipor, entidade responsável pela gestão de resíduos sólidos urbanos produzidos no Grande Porto. A empresa, que aposta na reciclagem, produção de energia eléctrica a partir de fracções de resíduos e compostagem a nível industrial, criou o projecto Horta da Formiga, em 2002, com o intuito de fomentar a compostagem “caseira”. Afinal, a produção de resíduos sólidos urbanos continua a desempenhar papel importante na nossa sociedade onde o consumismo é cada vez mais evidente. E, segundo dados da ONG ambiental Quercus, 40% são biodegradáveis, ou seja, passíveis de serem repostos na natureza sob a forma de fertilizante natural.

Como? Através da compostagem, processo biológico em que os microrganismos transformam matéria orgânica, como estrume, folhas, papel e restos de comida, num material semelhante à terra e a que se chama composto. E, quando efectuado em casa, só traz vantagens: poupa-se no transporte e custos de deposição de resíduos, reduz-se a quantidade dos resíduos enviados para aterro e consequentemente a emissão de gases com efeito de estufa, além de se produzir um adubo natural de elevada qualidade, diminuindo o impacto da utilização de adubos químicos nas culturas, solos e lençóis de água. Por exemplo: com a utilização de 10 mil compostores obtém-se um potencial de redução de 3 mil toneladas de resíduos orgânicos, cujo aproveitamento evitará a emissão de 528 toneladas de CO2 por ano. Além de que o composto pode ser aplicado no seu próprio jardim em relvados, vasos, canteiros, floreiras e nas caldeiras das árvores, não implica grandes exigências de espaço ou investimentos e é economicamente viável.

Para saber mais sobre a compostagem, nada como visitar a Horta da Formiga, em Baguim do Monte. Com jardim e pomar biológicos, aí poderá aprender a transformar os seus resíduos do quotidiano. “O projecto teve início como complemento à compostagem que fazemos na Lipor a nível industrial”, diz Benedita Chaves, coordenadora do  departamento de valorização orgânica da Lipor. “Era especialmente dedicado às crianças, mas depressa compreendemos que os adultos estão cada vez mais sensibilizados para as questões ambientais”. Decidiram, então, dar pequenos cursos de formação em agricultura biológica. Foi um sucesso. “Já passaram por aqui mais de 10 mil pessoas – as acções de formação quase sempre esgotam e chega a vir gente de Espanha”, enfatiza Benedita Chaves.

A Horta da Formiga respondeu às necessidades de uma população cada vez mais preocupada com a alimentação e o ambiente e decidiu, então, lançar novos programas associados. A Horta à Porta, por exemplo, disponibiliza talhões de no mínimo 25 m2 a particulares interessados em praticar agricultura biológica e compostagem. Ao receberem a parcela de terra, os futuros agricultores adquirem também formação para melhor combinarem os alimentos a plantar, além de mezinhas naturais para afastar doenças das suas culturas. É garantida água, local para armazenar as ferramentas e um compostor individual. Só uma condição: os produtos obtidos são para consumo próprio. No total são já 20 hortas em pleno funcionamento no Grande Porto, divididas em centenas de talhões. Para famílias com dificuldades económicas foram já disponibilizados terrenos em que podem cultivar – sempre biológico – e depois comercializar.

Outro programa desenvolvido pela Horta da Formiga é o “Terra à Terra”, Projecto de Compostagem Caseira, e visa promover a redução de resíduos orgânicos ao nível das habitações, prédios, escolas e instituições. Trata-se de uma acção de formação de três horas, ao final das quais os participantes recebem um compostor gratuito. “Já distribuímos 5 mil desde 2007, um sucesso se consideramos que a maioria só é utilizada em quem tem casa com jardins”, considera a responsável da Lipor.

A pensar no futuro e na mudança de comportamentos, desde 2004 que a Horta da Formiga também leva a horta à escola. Pretende criar adultos mais conscientes e sensibilizar pais e famílias. Na prática ajuda as instituições de ensino – já mais de 50 – a instalar um compostor e uma horta biológica. As crianças deliram ao ver crescer com saúde aquilo que plantaram. E, sobretudo, a saboreá-lo. Na cantina, ou em casa com os pais, a sonhar com um futuro mais verde.

 

GUIA DE COMPOSTAGEM

 

1– COMPOSTOR

Existem várias soluções no mercado, de metal ou madeira. Privilegie compostores em materiais reciclados, com capacidade para todo o ano e aberturas grandes. Devem ter garantia de pelo menos 10 anos e capacidade para 500 litros. São fáceis de montar e normalmente constituídos por quatro peças: tampa, corpo, porta e bases, que podem ser montadas por encaixe.

 

2 – LOCAL

Deve ser colocado num local de fácil acesso, protegido do excesso de calor ou frio, assim como do vento. O ideal é que esteja numa área que permita a infiltração das águas da chuva.

 

3 – PREPARAÇÃO

Os detritos para compostagem dividem-se em verdes e castanhos, segundo o teor de humidade. Os primeiros incluem restos de frutas e vegetais, cascas de ovos esmagadas, folhas e saquetas de chá, borras de café, sobras de pão e de comida cozinhada. Os segundos englobam aparas de madeira e serradura, folhas secas, relva e erva seca, feno e palha. Coloque no fundo do recipiente uma camada de aproximadamente 20 cm de palha ou ramos cortados (castanhos), de forma a permitir o arejamento e a escorrência de água. A camada seguinte deverá ser constituída por restos da cozinha (verdes), que podem ser misturados e ligeiramente cobertos com resíduos de jardim secos para evitar as/não atrair moscas. Evite resíduos de marisco, carne, peixe, citrinos e lácteos, que além de provocarem mau cheiro atrasam o processo.

 

4 – VIGILÂNCIA

Verifique a temperatura do compostor – valores elevados (55ºC) maximizam a eficiência do processo. Na falta de termómetro, basta espetar uma barra ou tubo de ferro na pilha e esperar alguns minutos. Se ao retirar a barra estiver quente, mas não queimar a mão, está bom. Confira ainda os níveis de humidade através do método da esponja: se, ao espremer um pouco do material, pingar, deverá juntar resíduos castanhos; se a mão ficar seca, deverá adicionar resíduos verdes e regar. Todas as semanas revolva os resíduos para manter bons níveis de oxigenação. Ao fim de alguns meses os resíduos no interior do compostor transformam-se em composto, material orgânico idêntico à terra, escuro e fertilizante.

 

REGRAS DE OURO

 

– Nunca coloque pilhas, vidro, metal, plástico, medicamentos, produtos químicos, têxteis e tintas, excrementos de animais domésticos, plantas doentes.

- Corte os restos de comida em bocados pequenos para acelerar o processo de compostagem.

- Se a pilha de material do compostor tiver odor ou muita humidade, precisa de arejamento e de materiais castanhos. Vire-a, adicionando materiais castanhos, se necessário.

- Se houver muitos insectos à volta da pilha, cubra-a com materiais castanhos.

- Se houver formigas, a pilha está muito seca – regue-a.

 

Mais informações e inscrições: www.hortadaformiga.com ou pelo telefone 229 770 100

DESCUBRA AINDA