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TODOS EM REDE
Todos em rede
2011-09-01
Todos em rede

O Sistema Ponto Verde assegura a transformação de embalagens em fim de vida em objectos úteis no quotidiano. 
Conheça o processo que conta com a colaboração de todos, reduz o desperdício e as emissões de C02.

 

É na diminuição do consumo que reside o futuro do planeta, mas haverá sempre produção de resíduos. É inevitável. Viver sem embalagens de papel, vidro ou plástico não passa de uma quimera, pelo que a eficácia da reciclagem assume importância vital. Tanto que a União Europeia já emitiu directivas que obrigam à recuperação de 55% das embalagens colocadas no mercado até final de este ano. À excepção do vidro, cuja taxa de retoma ronda os 50%, Portugal já alcançou os objectivos graças ao trabalho operado pela Sociedade Ponto Verde (SPV), que implementou o Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens conhecido (SIGRE). Este consiste no acompanhamento das embalagens não reutilizáveis desde que são colocadas nas prateleiras dos supermercados até à sua reciclagem e transformação noutros produtos úteis. Objectivo? “Diminuir a produção de resíduos”, afirma Luís Veiga Martins, director-geral da SPV. “A maioria das pessoas não dá conta, mas são imensos os materiais que usamos no dia-a-dia provenientes da reciclagem. O aço e alumínio dão origem a peças de uso comum como os bicos do fogão ou do esquentador, no automóvel estarão provavelmente muitas peças produzidas graças às latas de conserva e o papel reciclado é incorporado em papel de jornal, caixas de cartão canelado, papel higiénico e embalagens de cartão”, exemplifica. Já o vidro é praticamente todo incorporado em novas embalagens como garrafas, boiões e frascos; o plástico dá casacos polares, vasos, tubos ou mesa de jardim, e a madeira a aglomerado. Daí a importância de não quebrar o ciclo e fazer da visita ao ecoponto um hábito regular.

 

Ciclo mágico

“Tudo tem início nas empresas que colocam as embalagens no mercado”, refere Luis Veiga Martins. “As embalagens são necessárias para proteger o produto e dar informação ao consumidor, mas quando se tornam resíduos são uma verdadeira dor de cabeça”. Os números confirmam-no: só no primeiro semestre deste ano a SPV recuperou 290 mil toneladas de materiais recicláveis.

“Legalmente as empresas são responsáveis pela reciclagem e valorização dos produtos colocados no mercado após o seu consumo e é aí que a SPV intervém: gere essa responsabilidade, mediante uma contrapartida financeira calculada com base no valor dos pesos declarados”. Do velho nasce o novo, o que permite poupar matérias-primas e energia, e diminuir a emissão de CO2. Quanto ao processo, o SIGRE envolve a participação de diversas entidades que recolhem, transportam, armazenam, triam e preparam os resíduos de embalagens para o correcto encaminhamento para a reciclagem.

“Celebramos contratos com as câmaras municipais ou as empresas concessionárias para que operacionalizem todos os sistemas de recolha e triagem dos resíduos. São elas que têm de instalar a infra-estrutura que vai desde os ecopontos a todos os sistemas de recolha”, explica o director-geral. “A SPV paga o custo acrescido que têm com essa operação”. Nesta fase é essencial a colaboração dos cidadãos, que segundo as estatísticas estão cada vez mais sensíveis às questões ambientais – nos primeiros 6 meses de 2011 os portugueses separaram mais 5,2% de embalagens em relação ao período homólogo de 2010. O material mais separado foi o papel e cartão, com 117.256 toneladas, seguido do vidro, com 99.526 toneladas, embora a sua recolha ainda esteja aquém do pretendido. “Esperamos que este ano, fruto das nossas campanhas de sensibilização, este material supere o desafio de cumprir a meta específica de 60%”, avança Luis Veiga Martins. Ajuda o facto de cada vez ser mais fácil encontrar um ecoponto perto de casa. “Em termos médios, em Portugal há um ecoponto por 500 habitantes”, garante o director-geral. A implementação tem sido gradual: em 2000 o número de pontos de recolha rondava os 11.000; no ano passado ultrapassava os 40.000. Quanto às empresas compete às próprias depositar os seus resíduos junto do responsável pela separação de materiais – responsabilidade que não cabe à SPV.

 

Do velho nasce o novo

Transportados a partir dos ecopontos, as embalagens em fim de vida seguem para as estações de triagem, onde voltam a ser separadas mas desta vez segundo critérios mais rigorosos, para que os resíduos apresentem características de homogeneidade e qualidade que tornam possível a sua reciclagem. À excepção do vidro e da madeira, os restantes materiais são separados por categorias ou tipologias, e depois compactados e enfardados. O procedimento facilita o passo final do processo de tratamento: o transporte para as instalações do retomador (no caso do papel e cartão) ou para as unidades de reciclagem.

Nesta fase, os resíduos de embalagens são sujeitos a processos de preparação, tais como lavagem e remoção de impurezas (rótulos, etiquetas, tampas, etc). Depois poderão passar por outros procedimentos intermédios, como a trituração ou fundição, antes serem integrados no fabrico de novos produtos. Como num passe de mágica com muita investigação por detrás.

Complexo, mas eficaz, o SIGRE conta uma história de sucessos. Se em 1998 foram recicladas 1.495 toneladas de resíduos de embalagens, no ano passado o número chegou às 667 mil toneladas, resultados que anteciparam num ano a meta global de reciclagem prevista para 2011. Mas novos desafios estão por vir: prorrogar a sua licença de actividade que termina este ano. Luis Veiga Martins está confiante: “A nossa grande expectativa é consolidar o resultado alcançado em 2010. Este ano queremos superar os 57% conseguidos o ano passado para chegar aos 62%. Esse é o objectivo a curto prazo, porque a nossa licença define timings ao nível dos objectivos, que terminam no final do ano, que são coincidentes com os objectivos do país. Assim poderemos dar continuidade ao trabalho bem-sucedido que tem sido realizado ao longo da última década e meia”. 

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