Chamam-lhe Cidade dos Arcebispos, pelo passado ligado à história da igreja, mas o futuro de Braga pode levá-la a tornar-se um verdadeiro santuário para o culto das bicicletas a Norte do país.

Numa cidade onde, ao longo dos anos, se têm acentuado, sobretudo, as virtudes da circulação automóvel, o conceito não chega a ser milagre, mas nasce de uma promessa da Câmara Municipal de Braga (CMB): a de criar no concelho uma rede ciclável com 76 quilómetros de extensão. Apesar de ainda estar na fase de arranque, o projecto quer levar a prática do ciclismo como alternativa para uma mobilidade sustentável em contexto urbano ainda mais longe e a mais gente. Quando for posta em marcha, a meta é que a ciclovia seja capaz de servir 100 mil bracarenses, o que equivale a atingir sensivelmente metade da população do concelho. Para pôr a rodar a ideia de que andar de bicicleta está ao alcance de todos, prevê-se que este corredor ciclável se estenda praticamente até à porta de cada casa. De acordo com o mapa apresentado pela CMB, apenas 300 metros separarão cada troço da rede das casas dos habitantes abrangidos pela ciclovia. “É a distância que se estima que um ciclista esteja disposto a percorrer a pé e que corresponde a cerca de cinco minutos”, precisou o vereador do Urbanismo da CMB em declarações ao jornal Público.

MINHOTO CICLISTAS

A extensão da rede ciclável vem responder a um anseio da população.

A meta de 76 quilómetros de ciclovias pode parecer ambiciosa, mas é o resultado de um movimento com cada vez mais adeptos no concelho de Braga. Afinal, só nos últimos três anos o número de utilizadores regulares da rede ciclável quadruplicou. A tendência para eleger a bicicleta como um meio de transporte alternativo está mesmo em aceleração notória entre os bracarenses: em 2011, havia 196 ciclistas, contra 724 em 2014. Uma cifra assinalável, sobretudo tendo em conta a curta extensão da atual rede: existem apenas 7,9 quilómetros, cujos troços incluem o corredor do rio Este e a encosta de Lamaçães. Não é, no entanto, por acaso que os habitantes do concelho estão a dar, cada vez mais, prioridade às bicicletas. Considerando que Braga é uma cidade relativamente plana, com a maioria das inclinações a não superar 3%, estão reunidas as condições ideais para dar ao pedal. E pedalada é o que se espera que não falte aos bracarenses quando este projecto estiver concluído, já que se prevê que este grande corredor ciclável em torno de Braga se prolongue do sopé do Bom Jesus à zona industrial de Ferreiros.

Assim, serão contemplados o eixo central da cidade – entre a estação ferroviária e o campus da Universidade do Minho –, o centro histórico e as principais zonas habitacionais. Está ainda proposta uma ligação para fora da zona urbana, em direcção a Norte, com ligação ao Vale do Cávado.

NOVA REDE CICLÁVEL EM MARCHA

100.000 HABITANTES, ou seja metade da população do concelho será abrangida.

300 METROS, é a distância máxima que separa as casa da ciclovia.

3% DE INCLINAÇÃO, cidade muito plana, Braga não ultrapassa esta marca.