Batistas, S. A.
Pioneiros da reciclagem de metais em Portugal, são, desde meados dos anos 90, uma empresa modelo no que diz respeito às preocupações ambientais. De navios a automóveis, embalagens e utensílios do dia a dia, de tudo um pouco é recebido e tratado nos estaleiros do Carregado.
Já lá vai mais de meio século. Ainda corriam os anos 60 quando o fundador da que é hoje a Batistas, S. A., António Batista, começou a trabalhar com os irmãos na recolha de pneus. Devido ao seu espírito empreendedor, depressa passou para o ramo das sucatas. Numa época em que as preocupações ambientais eram quase nulas (tal como a legislação nesta matéria), cedo começou a apostar em soluções tecnológicas de ponta, de modo a melhorar a produtividade da empresa, mas também revelando uma preocupação muito à frente do seu tempo, num legado que perdura até hoje, ao ponto de se ter tornado numa das suas bandeiras.
“Fomos os primeiros a ter uma fragmentadora de sucata em Portugal, logo em 1984. Atualmente temos três, sendo que a última foi adquirida há apenas três anos, para poder dar resposta às novas exigências técnicas e ambientais. Neste momento temos licença para desmantelar todo o tipo de resíduos não perigosos”, esclarece Isabel Batista, atual administradora e filha do fundador.
Depois da expropriação dos terrenos junto à Expo, onde sempre funcionou, mudou-se, em 1997, para novas instalações, construídas de raiz no Carregado, junto à A1, numa área com cerca de 100 mil metros quadrados. Foi aqui que a empresa ganhou nova vida nos anos seguintes e se tornou num modelo a seguir a nível nacional. Por exemplo, conta com uma área de seis hectares impermeabilizados, de modo a evitar a poluição do solo, numa obra de engenharia na altura pioneira em Portugal.
“Optámos, logo desde o início, por seguir todas as normas europeias relativas a esta atividade, e nos anos seguintes foi o nosso estaleiro que serviu de modelo para os outros”, esclarece Isabel Batista. “Fomos o primeiro operador de gestão de resíduos no país e dos primeiros a trabalhar com a Sociedade Ponto Verde, logo na viragem do século”, sublinha.
A esta unidade juntam-se ainda outras três, que dão emprego a um total de 120 funcionários especializados: uma no Prior Velho, em Lisboa, apenas para receção de veículos em fim de vida (VFV), outra em Cantanhede, onde é recebido muito do material tratado no Carregado, e ainda um estaleiro em Alhos Vedros, dedicado ao desmantelamento de grandes embarcações. Uma das principais atividades da empresa é o desmantelamento de VFV, tal como o tratamento de resíduos eletrónicos. “Temos capacidade para receber um total de 300 VFV diariamente. Por vezes aparecem-nos aqui automóveis com zero quilómetros que, devido a defeitos de fabrico, têm de ser abatidos”, comenta a filha do fundador. De resto, tudo um pouco passa por ali: carros e eletrodomésticos, maquinaria, restos de material ferroviário, peças resultantes de demolições de exteriores, objetos inusitados, como gaiolas ou machados, sem esquecer a imensidão de embalagens, que, depois de limpas e tratadas, são empilhadas em montanhas de enormes fardos.
Num armazém mais resguardado são guardados os restos de metais mais valiosos, como cobre, alumínio ou latão. “O mais importante é que não estejam contaminados”, sustenta a engenheira Ana Rodrigues, do Departamento de Ambiente e Segurança da empresa. A sucata ferrosa é separada da restante com um íman enorme e a não ferrosa vai para o crivo, sendo o processo de escolha feito de forma manual e mecânica. Quanto aos metais ferrosos, passam depois pela fragmentadora e pela tesoura, que corta as peças de grandes dimensões, “a parte mais valiosa”, antes de seguirem para a Siderurgia Nacional, onde serão de novo fundidas para voltarem ao mercado. Quanto aos resíduos não metálicos, seguem para um aterro ou para serem transformados em energia – porque aqui, como se vê, muito pouco é desperdiçado.
As várias fases do metal
Já nos estaleiros, os resíduos metálicos passam por três etapas distintas:
Descontaminação | Quando chegam à empresa, os diversos materiais são sujeitos a um processo de descontaminação para retirar todas as partes não metálicas;
Desfragmentação e corte | Os materiais são depois submetidos a um processo de fragmentação e corte nas três fragmentadoras da empresa. As peças de maior dimensão são antes cortadas por uma enorme tesoura;
Triagem | Um processo de triagem mecânica separa os metais ferrosos e não ferrosos dos restantes resíduos, ao qual se segue uma triagem manual, para assegurar um maior grau de eficácia na separação dos materiais, e despoeiramento.
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