Logo Sociedade Ponto Verde

PALETES DE IDEIAS
Paletes de Ideias
2014-05-30
Paletes de Ideias

Quantas vezes já nos deparámos com paletes de madeira abandonadas, danificadas ou simplesmente empilhadas? 

Olhávamos uma, no máximo duas vezes, e seguíamos o nosso caminho. Até que alguém olhou para elas as vezes necessárias para perceber que ali estava um material de baixo custo e com enorme potencial. E, de um momento para o outro, as ditas paletes receberam tratamento apropriado, ganharam todas as cores e mais algumas e passaram a ser vistas como bases para camas, como mesas, como bancos, como estantes, como floreiras. O design eco-friendly ganhava novos aliados e a tendência acabou por chegar a Portugal, sendo cada vez mais as marcas a apostarem neste material extremamente versátil e de baixo custo de aquisição. E, num País onde existe a tradição de trabalhar a madeira com mestria, esta é também uma aposta que, como sublinham Carla Jorge e Cristina Pina, da Déjà Vu, permite contornar o facto de os nossos recursos florestais não terem capacidade de dar resposta às necessidades da indústria do mobiliário. “As indústrias do mobiliário em Portugal são forçadas a recorrer à importação de madeiras para a concepção das peças. Embora 57% da produção de mobiliário, em 2013, tenham sido para exportações e o restante absorvido pelo mercado nacional, esta necessidade de importar retira competitividade ao sector.”

Foi precisamente a necessidade de um rendimento extra com recursos reutilizáveis e a baixo custo de aquisição, aliado ao hobby de artes plásticas e carpintaria, que esteve na origem do surgimento da Eco.ok. Hoje, Suse Silva e Ricardo Romeiro têm cada vez mais fãs das suas criações, que ganham vida tendo como matéria-prima, unicamente, paletes que adquirem em empresas maioritariamente ligadas ao sector da construção.

E acreditam que o sucesso do ecodesign tem ainda um longo caminho a percorrer. “Parte de nós incutir e vincar esta nova tendência, para futuramente minimizar os estragos ambientais
já existentes. E acreditamos que a conjuntura económica que vivemos também veio ajudar a consciencializar para esta máxima e criar novos hábitos.”


Bons hábitos, como a constante preocupação com as emissões de CO2, é o que não falta ao colectivo que dá pelo nome de Varas Verdes e cujo trabalho já chegou à Polónia. Pedro Faria
(crafts/restauro e conservação), Gustavo Assunção (branding), Marta Mariano (design), João Ribeiro (fotografia), Joana Borda de Água (arquitectura) e Duarte Nabais (finanças) criaram uma marca cheia de pinta e que tem como símbolo o Jacó, um porquinho estilizado que adora comer nas planícies alentejanas.

Esta ligação e respeito pela Natureza serve de motor ao trabalho de uma equipa em que existe uma forma de arte comum: a capacidade social e criativa para preservar o meio ambiente. “Na Varas Verdes gostamos de dizer missão cumprida colocando em prática os recursos essenciais para a construção de vários projectos de carácter social. É um novo conceito de arte contemporânea, que alia o seu conhecimento a várias técnicas do design e processo de recuperação e reutilização de materiais com o objectivo de nos alertar para os benefícios de vivermos em equilíbrio com o Planeta”, garantem-nos. 

E para pensarmos sobre o Planeta em que vivemos, observando estas “paletes de ideias”, nada melhor que puxar um dos banquinhos coloridos, criados a partir de madeira inutilizada, e imaginar o simpático Jacó a saborear as suas bolotas com toda a tranquilidade.


O QUE É NACIONAL É BOM 


Três projectos, dezenas de ideias, uma mesma matéria-prima. Ou a prova de que a palavra “estilo” é compatível com o respeito pelo Planeta.

VARAS VERDES -  Um colectivo multidisciplinar cuja primeira grande aposta é a Mercado Collection, que é uma linha de mobiliário 100% design português que representa a usão das mais variadas artes e ofícios no desenvolvimento de práticas de recuperação e reutilização de paletes inutilizadas e derivados em fim de vida. Uma colecção totalmente criada à mão, que pretende reflectir o espírito e o consumo nos antigos mercados locais, com variedade de cores e formas.

 

DÉJÀ VU -  Carla Jorge e Cristina Pina dão enorme importância à reciclagem. Dado o elevado volume de resíduos produzidos a uma escala global, entenderam que deviam e podiam contribuir para a melhoria do Planeta através dos seus projectos em reaproveitamento/reciclagem de madeira de paletes, dando-lhes uma nova vida e criando mobiliário com essas mesmas madeiras. O facto de estarem no concelho de Sintra, onde várias empresas utilizam as paletes, potenciou uma ideia que assenta na vontade de constante inovação.


ECO.OK -  Nasce de uma necessidade de um rendimento extra com recursos reutilizáveis e a baixo custo de aquisição, aliado ao hobby de artes plásticas. Ricardo Romeiro domina a arte de trabalhar a madeira por ter frequentado na infância a oficina de Mestre Romeiro, seu avô e professor de trabalhos manuais, e Suse Silva estudou artes e trata dos acabamentos. Juntos, opinam o design das peças e os materiais que vão conjugar com as paletes, quase sempre adquiridas a empresas relacionadas com o sector da construção.


DESCUBRA AINDA